Cientistas descobrem 3 novos tipos de depressão

Estudo observou que pacientes depressivos com histórico de traumas na infância têm mais chances de não responder a antidepressivos

06/11/2018 15:09 / Atualizado em 05/05/2020 12:07

Um dos tipos de depressão parece ser resistente a medicamentos
Um dos tipos de depressão parece ser resistente a medicamentos - Liderina/istock

Não é segredo que os remédios para depressão nem sempre funcionam, e um estudo recente de cientistas no Japão nos dá uma nova pista para entender o porquê. Eles classificaram a doença em 3 tipos, sendo um deles resistente a medicamentos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 300 milhões de pessoas em todo mundo sofrem com depressão. Pelo menos 30% delas não apresentam melhoras com a administração de antidepressivos, estima o estudo publicado no Science Alert.

“Sempre se especulou que existam diferentes tipos de depressão, e eles influenciam a eficácia da droga”, diz o neurocientista computacional Kenji Doya, da Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia da Universidade de Okinawa.

Os 3 tipos de depressão

Para encontrar uma maneira de analisar e categorizar subtipos potencialmente diferentes de depressão, os cientistas analisaram 134 pessoas. Metade delas tinham a doença e a outra metade tinha um estado emocional estável.

Deste grupo, os pesquisadores obtiveram dados de ressonância magnética, informações genéticas e também aplicaram questionários clínicos sobre padrões de sono, condições de saúde mental e outros aspectos da vida.

A partir desses dados, os cientistas identificaram três subtipos de depressão, denominados como D1, D2 e D3.  Nos indivíduos com o subtipo D1, foram observadas uma alta conectividade funcional do cérebro e uma história de trauma na infância.

O subtipo D1 de depressão é o mais difícil de tratar
O subtipo D1 de depressão é o mais difícil de tratar - kaipong/istock

Já os pacientes do subtipo D2 exibiram alta conectividade funcional do cérebro, mas não tinham histórico de trauma na infância. E finalmente, as pessoas com o subtipo D3 refletiam baixa conectividade funcional do cérebro e não tinham sofrido trauma na infância.

A análise também revelou que os antidepressivos provavelmente são eficazes para pessoas com os subtipos D2 e D3 de depressão, mas pessoas do subtipo D1- aqueles com alta conectividade funcional entre as diferentes regiões do cérebro e experiência de traumas na infância – eram resistentes aos medicamentos.

Os pesquisadores reconhecem que serão necessários estudos maiores, com um número muito maior de participantes, para apoiar esses resultados. Ma a metodologia proposta pode oferecer um novo e poderoso guia para ajudar os pesquisadores de saúde a entender a complexidade da depressão – e onde cada paciente se encaixa.

Diagnóstico de depressão

A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. No geral, pessoas depressivas apresentam tristeza, pessimismo, baixa auto-estima, que aparecem com freqüência e podem combinar-se entre si.

Habitualmente, a doença é diagnosticada por avaliação clínica realizada por médicos, mas como essa não é exatamente uma ciência perfeita, nos últimos anos os pesquisadores têm buscado cada vez mais encontrar potenciais biomarcadores para a depressão.

Uma das maneiras de se fazer isso é estudar a atividade cerebral, monitorando sinais de ressonância magnética funcional.