Cientistas descobrem 3 novos tipos de depressão
Estudo observou que pacientes depressivos com histórico de traumas na infância têm mais chances de não responder a antidepressivos
Não é segredo que os remédios para depressão nem sempre funcionam, e um estudo recente de cientistas no Japão nos dá uma nova pista para entender o porquê. Eles classificaram a doença em 3 tipos, sendo um deles resistente a medicamentos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 300 milhões de pessoas em todo mundo sofrem com depressão. Pelo menos 30% delas não apresentam melhoras com a administração de antidepressivos, estima o estudo publicado no Science Alert.
“Sempre se especulou que existam diferentes tipos de depressão, e eles influenciam a eficácia da droga”, diz o neurocientista computacional Kenji Doya, da Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia da Universidade de Okinawa.
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Os 3 tipos de depressão
Para encontrar uma maneira de analisar e categorizar subtipos potencialmente diferentes de depressão, os cientistas analisaram 134 pessoas. Metade delas tinham a doença e a outra metade tinha um estado emocional estável.
Deste grupo, os pesquisadores obtiveram dados de ressonância magnética, informações genéticas e também aplicaram questionários clínicos sobre padrões de sono, condições de saúde mental e outros aspectos da vida.
A partir desses dados, os cientistas identificaram três subtipos de depressão, denominados como D1, D2 e D3. Nos indivíduos com o subtipo D1, foram observadas uma alta conectividade funcional do cérebro e uma história de trauma na infância.
Já os pacientes do subtipo D2 exibiram alta conectividade funcional do cérebro, mas não tinham histórico de trauma na infância. E finalmente, as pessoas com o subtipo D3 refletiam baixa conectividade funcional do cérebro e não tinham sofrido trauma na infância.
A análise também revelou que os antidepressivos provavelmente são eficazes para pessoas com os subtipos D2 e D3 de depressão, mas pessoas do subtipo D1- aqueles com alta conectividade funcional entre as diferentes regiões do cérebro e experiência de traumas na infância – eram resistentes aos medicamentos.
Os pesquisadores reconhecem que serão necessários estudos maiores, com um número muito maior de participantes, para apoiar esses resultados. Ma a metodologia proposta pode oferecer um novo e poderoso guia para ajudar os pesquisadores de saúde a entender a complexidade da depressão – e onde cada paciente se encaixa.
Diagnóstico de depressão
A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. No geral, pessoas depressivas apresentam tristeza, pessimismo, baixa auto-estima, que aparecem com freqüência e podem combinar-se entre si.
Habitualmente, a doença é diagnosticada por avaliação clínica realizada por médicos, mas como essa não é exatamente uma ciência perfeita, nos últimos anos os pesquisadores têm buscado cada vez mais encontrar potenciais biomarcadores para a depressão.
Uma das maneiras de se fazer isso é estudar a atividade cerebral, monitorando sinais de ressonância magnética funcional.