Cientistas descobrem bactérias intestinais distintas em crianças com autismo
Os pesquisadores coletaram amostras de fezes e extraíram material genético para analisar o microbioma intestinal das crianças envolvidas no estudo
Em um estudo recente publicado na revista Scientific Reports, pesquisadores descobriram diferenças em bactérias intestinais entre crianças com autismo e crianças com desenvolvimento típico.
O estudo tinha como objetivo investigar as ligações entre alterações na microbiota intestinal e sintomas gastrointestinais em crianças egípcias com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Pesquisadores estimam que, no Egito, 5,4 crianças em 1.000 têm TEA. O TEA, que pode começar na primeira infância e é uma condição para toda a vida.
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Está associada a dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos, conforme indica o DSM-5 — Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, publicado pela American Psychiatric Association.
O TEA é o resultado de fatores ambientais e genéticos complexos. Um fator ambiental que tem sido associado ao TEA é a disbiose intestinal ou desequilíbrios nas bactérias intestinais, sugerindo que há uma forte conexão intestino-cérebro.
Bactérias benéficas como Lactobacillus e Bifidobacterium são probióticos cujas cepas vivas são consumidas e podem produzir substâncias que afetam o cérebro e melhoram a saúde mental. Elas são chamadas de bactérias psicobióticas.
A terapia com probióticos é considerada uma abordagem complementar promissora para aliviar sintomas do TEA, principalmente os gastrointestinais, por ser segura e livre de efeitos colaterais.
No entanto, a escolha dos probióticos muitas vezes é feita sem base científica robusta ou sem uma investigação personalizada. Mais estudos são necessários para identificar quais cepas são mais eficazes no alívio dos sintomas e para melhorar os resultados em crianças com TEA.
Detalhes do estudo
O estudo contou com uma amostra de 87 crianças com TEA, excluindo aquelas com certas condições médicas ou que consumiram probióticos ou antibióticos nos três meses anteriores ao estudo.
O grupo de comparação compreendeu 36 crianças que não tinham TEA.
Os pesquisadores avaliaram a gravidade do autismo vivenciado pelas crianças, juntamente com o comportamento autista, deficiência sensorial e sintomas gastrointestinais.
Os pesquisadores coletaram amostras de fezes e extraíram material genético para analisar o microbioma intestinal para determinar a abundância de bactérias psicobióticas.
Foi então que descobriram diferenças em bactérias intestinais entre crianças com autismo e crianças com desenvolvimento típico.
Os pesquisadores acreditam que mudanças nas bactérias intestinais em crianças com TEA, particularmente psicobióticos (bactérias que afetam o comportamento), podem influenciar a gravidade do TEA.
No entanto, o estudo alerta que mais investigações são necessárias para confirmar essas descobertas, especialmente considerando que nenhuma correlação estatisticamente significativa foi encontrada entre os níveis bacterianos e a gravidade do autismo.
Portanto, o potencial terapêutico dos tratamentos psicobióticos permanece especulativo.