Cientistas identificam gatilho de reação ao glúten

Em estudos em camundongos e mini-intestinos cultivados em laboratório, pesquisadores investigaram como e onde a resposta ao glúten realmente começa

Cientistas fizeram uma descoberta que pode levar a novas opções de tratamento para pacientes celíacos. A equipe identificou como e onde a resposta ao glúten começa, com certas células desempenhando um papel maior do que se pensava.

A equipe de pesquisa divulgou a investigação na revista Gastroenterology.

Como ocorre a reação ao glúten?

Como outras doenças autoimunes, a doença celíaca ocorre quando o corpo, por engano, lança uma resposta imune contra uma molécula inofensiva – neste caso, o gatilho é o glúten, uma proteína encontrada em muitos grãos de cereais.

O consumo desses alimentos leva a uma série de sintomas desagradáveis, e o único tratamento é uma dieta rigorosa.

Pesquisadores identificaram como acontece a reação ao glúten
Créditos: NewAfrica/DepositPhotos
Pesquisadores identificaram como acontece a reação ao glúten

Para ajudar a encontrar uma opção melhor, os pesquisadores do novo estudo investigaram como e onde a resposta ao glúten realmente começa.

Em estudos em camundongos e mini-intestinos cultivados em laboratório (chamados organoides), eles observaram as respostas de diferentes células à presença do glúten.

Acontece que as células epiteliais – aquelas que compõem o revestimento interno do intestino superior – respondem ao glúten estimulando ativamente a liberação de células T CD4+.

Por sua vez, essas células auxiliares desencadeiam uma resposta imunológica hiperativa que gera os sintomas celíacos comuns.

Acreditava que a resposta envolvia apenas células imunológicas, embora se suspeitasse que as células epiteliais desempenhassem um papel. Agora, a equipe diz que houve a confirmação da suspeita.

A equipe também descobriu outro fator em jogo. As células epiteliais enviam sinais mais fortes para as células imunes na presença de Pseudomonas aeruginosa, uma espécie de bactéria patogênica que normalmente não é uma parte saudável do microbioma humano.

Os pesquisadores dizem que a descoberta pode fornecer novos alvos para o desenvolvimento de medicamentos que potencialmente tratem ou previnam a doença celíaca.

O teste para P. aeruginosa também pode ajudar a identificar pacientes com maior risco de desenvolver a doença.

Sintomas de intolerância ao glúten

  •  excesso de gases
  • barriga inchada
  • diarreia ou prisão de ventre
  • mal estar abdominal
  • má absorção de vitaminas e minerais

O tratamento clássico consiste em evitar por toda a vida alimentos que contenham glúten (tais como pães, cereais, bolos, pizzas, e outros produtos alimentícios, ou aditivos, que contenham trigo, centeio, aveia e cevada).

De acordo com o Ministério da Saúde, assim que o glúten é removido da dieta, a cura costuma ser total.

É possível substituir as farinhas proibidas por fécula de batata, farinha de milho, amido de milho, polvilho doce ou azedo, farinha ou creme de arroz, farinha de araruta ou fubá.