Conheça a vacina contra câncer que está sendo testada em humanos
Espera-se que a vacina fortaleça a resposta imunológica ao câncer, deixando as células saudáveis intactas, ao contrário da quimioterapia
Uma nova vacina, projetada para preparar o sistema imunológico para reconhecer e combater o câncer de pulmão, está sendo testada pela primeira vez em pacientes no Reino Unido.
Os pesquisadores que lideram o ensaio acreditam que o tratamento pode melhorar as taxas de sobrevivência dos pacientes, com a esperança de que, no futuro, essa vacina se torne o padrão global de tratamento.
Chamada BNT116 e desenvolvida pela BioNTech, a vacina é destinada ao tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC), a forma mais comum da doença.
Como funciona a vacina contra o câncer?
Utilizando tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), semelhante à usada nas vacinas contra a Covid-19, a BNT116 funciona apresentando ao sistema imunológico os marcadores tumorais específicos do NSCLC.
Isso prepara o corpo para combater as células cancerígenas que expressam esses marcadores, fortalecendo a resposta imunológica do paciente contra o câncer, sem afetar as células saudáveis, ao contrário da quimioterapia.
A vacina é de fácil administração e permite a seleção de antígenos específicos presentes nas células cancerígenas para um tratamento direcionado.
Este ensaio clínico de fase 1 marca o primeiro estudo humano da BNT116, que será administrada a pacientes com câncer de pulmão em conjunto com a imunoterapia.
Testes já começaram
O ensaio clínico da nova vacina está sendo realizado em 34 locais de pesquisa em sete países. São eles: Reino Unido, EUA, Alemanha, Hungria, Polônia, Espanha e Turquia.
Aproximadamente 130 pacientes com câncer de pulmão deverão participar do estudo.
Durante o ensaio, o primeiro paciente do Reino Unido recebeu seis injeções consecutivas, com intervalos de cinco minutos. Cada injeção continha diferentes fitas de RNA.
Ele continuará recebendo a vacina semanalmente por seis semanas e, depois, a cada três semanas, durante um total de 54 semanas.
A expectativa é que esse tratamento previna o retorno do câncer, uma preocupação comum entre pacientes com câncer de pulmão, mesmo após cirurgia e radiação.
Câncer de pulmão
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de pulmão é o terceiro mais comum em homens e o quarto em mulheres no Brasil.
O cigarro é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento do tumor, ainda que pessoas não fumantes ou que nunca fumaram também podem desenvolver a doença.
Além disso, exposição à poluição do ar, exposição ocupacional a substâncias cancerígenas (como asbestos e radônio) e histórico familiar de câncer de pulmão são outros fatores de risco.