Consumo de carne processada e risco de demência: o que diz a ciência

Carne processada está ligada ao aumento do risco de demência, segundo estudo com mais de 133 mil pessoas

29/05/2025 18:02

Uma alimentação equilibrada é essencial não apenas para o corpo, mas também para o cérebro. Novas descobertas científicas reforçam que o que colocamos no prato pode afetar diretamente nossa saúde mental a longo prazo.

Carne processada está ligada ao aumento do risco de demência, segundo estudo com mais de 133 mil pessoas
Carne processada está ligada ao aumento do risco de demência, segundo estudo com mais de 133 mil pessoas - MEDITERRANEAN/istock

Estudo de grande escala aponta que o consumo frequente de carne processada, como bacon, presunto e salsicha, pode estar associado ao aumento do risco de demência. As conclusões levantam um alerta para a importância de escolhas alimentares mais saudáveis no dia a dia.

O que diz a pesquisa

O estudo foi publicado na respeitada revista médica Neurology e acompanhou um grupo de 133.771 pessoas sem diagnóstico prévio de demência por até 43 anos. Os pesquisadores registraram os hábitos alimentares e a saúde cognitiva dos participantes durante esse extenso período.

As análises mostraram que o consumo diário de 0,25 porções ou mais de carne vermelha processada está associado a um aumento de 13% no risco de desenvolver demência, em comparação com quem consome menos de 0,10 porções por dia.

Além disso, uma única porção diária de carne processada foi associada a um impacto relevante no cérebro, correspondendo a “um envelhecimento cerebral acelerado equivalente a 1,61 anos na função global e 1,69 anos na memória verbal”.

Qual é a relação entre carne processada e demência?
Qual é a relação entre carne processada e demência? - iStock/kirstypargeter

Carne vermelha não processada: risco menor

Por outro lado, o estudo não encontrou associação significativa entre a ingestão de carne vermelha não processada — como carne bovina ou cordeiro — e o desenvolvimento de demência. Consumida de forma moderada, essa categoria de carne não representou aumento expressivo de risco.

Isso sugere que o processamento da carne é um fator crítico quando se trata da saúde cerebral, levantando dúvidas sobre a segurança de alimentos ultraprocessados.

A distinção entre carnes processadas e não processadas se mostra importante não apenas para entender os efeitos sobre o cérebro, mas também para orientar melhor a população em relação às escolhas alimentares.

Substituições alimentares que fazem a diferença

O estudo também explorou os efeitos de substituições na dieta. Os resultados foram animadores: “trocar uma porção diária de carne processada por peixe, por exemplo, diminuiu o risco de demência em 28%”.

Outras trocas também mostraram benefícios. Quando carnes processadas foram substituídas por nozes e leguminosas, houve uma redução de 19% no risco. A troca por frango resultou em uma diminuição de 16%.

Essas mudanças simples indicam que uma abordagem mais consciente da alimentação pode contribuir para a prevenção de doenças neurodegenerativas.

Recomendações para a saúde do cérebro

Com base nos achados, especialistas recomendam que as descobertas sejam incorporadas em diretrizes nutricionais mais amplas. “Essas descobertas podem ser incorporadas a diretrizes alimentares para promover a saúde cerebral”, sugerem os autores do estudo.

Reduzir o consumo de carnes processadas e priorizar fontes de proteína como peixes, nozes e vegetais pode ser uma estratégia eficaz para manter o cérebro saudável ao longo da vida.

A adoção de uma dieta equilibrada é uma das principais formas de proteger o funcionamento cognitivo, especialmente com o avanço da idade.