Estudo surpreende com descoberta sobre dengue na gravidez

O Ministério da Saúde já alertou que as gestantes fazem parte do grupo de risco da doença; veja o que diz o estudo

Estudo fala de impactos da dengue na gravidez
Créditos: iStock/Zinkevych
Estudo fala de impactos da dengue na gravidez

Recentemente, pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, divulgaram um estudo sobre os impactos da infecção por dengue em mulheres grávidas.

Publicado no American Economic Journal: Applied Economics, o estudo revela dados preocupantes sobre as consequências desta doença não apenas para as gestantes, mas também para o desenvolvimento e saúde de seus bebês.

A dengue, uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, continua sendo uma grande ameaça global. Segundo o Ministério da Saúde, a orientação é procurar atendimento médico aos primeiros sintomas em grávidas.

Como a dengue afeta a gravidez?

O estudo, conduzido em Minas Gerais, indica que a infecção durante a gestação pode aumentar significativamente o risco de recém-nascidos apresentarem baixo peso.

Os pesquisadores descobriram que o risco de bebês nascidos com muito ou extremamente baixo peso aumenta em 67% e 133%, respectivamente, quando as mães são infectadas por dengue durante a gravidez. Tais condições podem impor desafios significativos logo ao início da vida, afetando negativamente a saúde dos bebês após o nascimento.

Além dos riscos imediatos, o estudo sugere que um baixo peso ao nascer devido à infecção de dengue pode ter consequências de longo prazo nos resultados de saúde na vida adulta.

Livia Menezes, professora assistente de Economia na Universidade de Birmingham e coautora do estudo, enfatiza a importância da conscientização sobre esse impacto profundo.

Maiores riscos de hospitalizações na infância

O estudo também aponta que as crianças afetadas têm uma probabilidade 27% maior de serem hospitalizadas do nascimento até os 3 anos de idade.

Especificamente, no segundo ano de vida, o risco de hospitalização aumenta surpreendentemente para 76%. Estes são dados que reforçam a urgência na luta contra a dengue em áreas endêmicas.

Martin Foureaux Koppensteiner, professor associado de Economia na Universidade de Surrey, comenta sobre a carga para as comunidades. “O impacto é vasto, incluindo custos evitáveis de internações, o que enfatiza a necessidade de políticas públicas mais eficazes e ações de conscientização direcionadas,” explica.

Como Livia Menezes aponta, “à medida que o planeta aquece, é esperado que a dengue se torne ainda mais comum em novas regiões. Este é um desafio global que exige uma resposta rápida e robusta dos governos e organizações internacionais.”

O tratamento da dengue em gestantes é semelhante ao tratamento em pessoas não gestantes, mas há considerações adicionais devido aos riscos envolvidos durante a gravidez.

Qual tratamento para dengue em gestante?

  • Descanso e hidratação: descanso adequado e hidratação são fundamentais. A gestante deve descansar bastante e beber muitos líquidos, como água, sucos naturais e água de coco, para prevenir a desidratação.

  • Controle da febre: o uso de paracetamol (acetaminofeno) é recomendado para controlar a febre, evitando o uso de medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), que podem aumentar o risco de sangramento.

  • Monitoramento médico: é essencial o acompanhamento de um profissional de saúde durante todo o curso da doença. Isso pode incluir exames de sangue regulares para monitorar a contagem de plaquetas e outros parâmetros sanguíneos.

  • Assistência médica imediata: se houver sinais de alerta, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramento vaginal ou qualquer outra complicação, a gestante deve procurar assistência médica imediata.

É importante ressaltar que o tratamento específico pode variar dependendo da gravidade dos sintomas e das recomendações do médico.

Em alguns casos, pode ser necessário internamento hospitalar para monitoramento mais rigoroso e tratamento adequado.

Grávidas podem tomar a vacina contra a dengue?

Mulheres grávidas não devem tomar a vacina contra a dengue, de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde e da bula da vacina em uso. Isso se deve ao fato de que a vacina contém vírus vivo atenuado, o que não é aconselhável durante a gravidez.

Além disso, as mulheres que planejam engravidar devem aguardar pelo menos um mês após a vacinação antes de tentarem conceber. Se uma mulher grávida já recebeu a primeira dose da vacina, ela deve interromper a vacinação para a segunda dose.

No caso de exposição ao vírus da dengue durante a gravidez, é importante que a gestante seja monitorada de perto pela equipe médica para garantir sua saúde e a do bebê.

Afinal, como prevenir dengue?

Cuidados individuais: 

  • Usar repelente de insetos regularmente, principalmente em áreas de maior risco. Para as grávidas, o produto deve ter “icaridina” ou “DEET” na composição;
  • Proteger as regiões do corpo que costumam ficar mais expostas ao mosquito, usando, então, camisas de mangas compridas e calças.
Aplicação de repelente protege contra o mosquito da dengue
Créditos: Zigres/istock
Aplicação de repelente protege contra o mosquito da dengue

Cuidados para ter em casa e evitar a proliferação do vírus:

  • Manter reservatórios ou caixas d’água cobertos com tampas, telas ou capas;
  • Evitar acúmulo de água em recipientes como pneus, latas ou garrafas;
  • Realizar a limpeza regular da caixa d’água;
  • Utilizar telas mosqueteiras em portas e janelas;
  • Coloque areia no prato que fica embaixo dos vasos de planta;
  • Pneus parados devem ter furos, além de ficarem guardados em locais cobertos;
  • Garrafas pet, baldes e outros recipientes vazios também devem ficar em locais cobertos e com a “boca” para baixo;
  • Diariamente, esfregue com água e sabão as cubas de bebedouros;
  • Além disso, mantenha as áreas comuns da casa bem secas;
  • Descarte o lixo adequadamente, mantendo os terrenos livres de entulho e vegetação;
  • Outro ponto citado por especialistas é a verificação das calhas, retirando folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr por elas;
  • Manter a lixeira fechada;
  • Trocar a água do seu animal de estimação com frequência;
  • Além disso, tampar os ralos também pode ajudar;
  • Por fim, limpar as “bandejas” externas da geladeira e do ar-condicionado.