Desenvolvida uma ferramenta de IA que cria dietas personalizadas

Desenvolvida por brasileiros, a ferramenta criou dietas que tiveram 89% de aprovação dos nutricionistas envolvidos no teste

Ferramenta que cria dietas
Créditos: iStock/Daria Kulkova
Ferramenta que cria dietas

O Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), da Universidade de São Paulo (USP), revela uma inovadora ferramenta baseada em Inteligência Artificial (IA) destinada a montar dietas sob medida, adaptadas minuciosamente às necessidades individuais de cada paciente.

Elevando o padrão na geração de planos alimentares, a ferramenta abrange não só os padrões alimentares característicos dos brasileiros, mas também leva em consideração as preferências pessoais e restrições dietéticas únicas de cada pessoa.

O avançado sistema foi inicialmente destacado em um artigo recentemente publicado no Journal of Food Composition and Analysis.

Como funciona a ferramenta?

Diversas técnicas de IA foram meticulosamente testadas pelos cientistas até a escolha final da Máquina de Estados Finitos (MSF), uma tecnologia geralmente associada a jogos de computador.

A ferramenta foi primeiramente configurada para criar planos alimentares personalizados para 15 pacientes fictícios, todos saudáveis, com base em um extenso banco de dados contendo informações de 2.182 alimentos.

No total, 105 planos alimentares semanais foram gerados e, posteriormente, avaliados por 18 nutricionistas, os quais concordaram em 89% das características presentes nos planos alimentares desenvolvidos.

As dietas criadas pela ferramenta tiveram 89% de aprovação dos nutricionistas do estudo
Créditos: iStock/Leticia Senciani
As dietas criadas pela ferramenta tiveram 89% de aprovação dos nutricionistas do estudo

Segundo Kristy Soraya Coelho, nutricionista e pesquisadora do FoRC, a ferramenta realiza uma análise cruzada de dados, seguindo regras específicas e considerando diversas combinações potenciais de alimentos.

Essas considerações englobam aspectos da composição química dos alimentos, seus métodos de preparo, sazonalidade e características sensoriais, como cor, sabor e textura.

Além disso, a ferramenta também identifica alimentos que podem não ser adequados para determinadas refeições, como o café da manhã.

“A ferramenta entende, por exemplo, que é preciso ter uma bebida no café da manhã (que pode ser leite, café, chá, café com leite, entre outros), além de outros alimentos (pão, biscoito, bolo ou uma fruta), para então fazer as escolhas e definir as refeições. Se o paciente, por exemplo, não consome tomate de forma isolada ou mesmo em preparações, ele não fará parte das refeições do plano alimentar, sendo retirado de saladas, molhos ou pratos mistos”, explica.

Dietas para perda de peso

Os Vigilantes do Peso, a Dieta Vegana, a Dieta Volumétrica e a Dieta Flexitária são apenas alguns exemplos de planos alimentares que enfatizam a perda de peso. Essas dietas são elaboradas de forma única, com diretrizes específicas para cada tipo de alimento, priorizando tanto a eficácia na perda de peso quanto a manutenção da saúde global dos indivíduos.

O objetivo primordial da ferramenta é assegurar uma distribuição equilibrada de macronutrientes, com 60% de carboidratos, 15% de proteínas e 25% de lipídios, bem como de micronutrientes (vitaminas e minerais).

A próxima fase dessa pesquisa envolve a nutrição de precisão, levando em conta ainda mais especificidades dos pacientes para aprimorar ainda mais a eficácia da ferramenta.

Além disso, os pesquisadores planejam incorporar os resultados de exames bioquímicos e informações genéticas na próxima etapa do desenvolvimento.