Detalhe na fala pode determinar risco de demência, segundo estudo
Pesquisadores encontraram evidências de que mudanças na velocidade da fala de uma pessoa podem indicar alterações significativas no cérebro
Um estudo descobriu é possível ter pistas sobre o risco de alguém desenvolver demência observando sua fala.
A descoberta é de pesquisadores da Universidade de Toronto e do Centro Baycrest de Cuidados Geriátricos, no Canadá. Segundo eles, mudanças na velocidade geral da fala podem refletir alterações no cérebro.
Isso sugere que a velocidade da fala é um indicador mais importante da saúde do cérebro do que a dificuldade em encontrar palavras, o que parece ser uma parte normal do envelhecimento. Este é um dos primeiros estudos a analisar as diferenças na fala natural e na saúde do cérebro entre adultos saudáveis.
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No entanto, as descobertas foram correlacionais e não causais, o que significa que pode não ser verdade que treinar para falar mais rápido melhore a saúde do cérebro.
Metodologia do estudo
O estudo foi publicado na revista Ageing, Neuropsychology and Cognition em agosto do ano passado.
Ao todo, 125 voluntários saudáveis com idades entre 18 e 90 anos completaram três avaliações diferentes.
A primeira envolvia um jogo de nomeação de imagens, no qual eles tinham que responder a perguntas sobre imagens, ignorando palavras perturbadoras que ouviam através de fones de ouvido.
Por exemplo, ao olhar para a imagem de um esfregão, pode ser perguntado: “Termina em ‘p’?” enquanto ouvia a palavra “vassoura” como uma distração. Dessa forma, os pesquisadores puderam testar a capacidade dos participantes de reconhecer o que era a imagem e de lembrar seu nome.
Em outro teste, os pesquisadores gravaram os participantes enquanto descreviam duas imagens complexas por 60 segundos cada. Um software baseado em IA analisou o desempenho linguístico. Entre outras coisas, os pesquisadores examinaram a rapidez com que cada participante falava e o quanto fazia pausas.
N avaliação final, havia testes para determinar as capacidades mentais que tendem a diminuir com a idade e estão associadas ao risco de demência.
Estes incluíram avaliações para verificar a função executiva, que é a capacidade de gerir informações conflitantes, manter o foco e evitar distrações.
Muitas dessas habilidades pareciam piorar com a idade, incluindo a velocidade para achar palavras.
Descobertas
A equipe também descobriu que não era uma pausa para encontrar palavras que tinham a ligação mais forte com a saúde do cérebro, mas sim a velocidade da fala em torno das pausas.
Isto significa que, embora muitos idosos possam estar preocupados com a necessidade de fazer uma pausa para encontrar palavras certas, isso pode ser apenas uma parte normal do envelhecimento.
Mas desacelerar a fala normal, independentemente da pausa, pode ser um “indicador mais importante” de mudanças na saúde do cérebro, disseram os cientistas.
Espera-se que em estudos futuros a equipe de pesquisa conduza os mesmos testes com um grupo de participantes ao longo de vários anos, para examinar se a velocidade da fala é realmente preditiva da saúde cerebral dos indivíduos à medida que envelhecem.