Dia mundial sem tabaco: cigarro mata 7 milhões de pessoas por ano
Hoje, 31 de maio, é o Dia Mundial Sem Tabaco. A data foi escolhida em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visando alertar a população sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.
Este ano a OMS está destacando como o tabaco ameaça o desenvolvimento de nações em todo o mundo e pede aos governos que implementem medidas fortes de controle do tabagismo, que incluem a proibição de marketing e publicidade, promovendo embalagens simples de produtos desse tipo, aumentando impostos e que proíbam o fumo em lugares públicos e locais de trabalho.
O tabaco mata mais de 7 milhões de pessoas a cada ano e custa a famílias e governos mais de US $ 1,4 trilhão com despesas de saúde e perda de produtividade. O tabaco contribui para a ocorrência de 16% de todos os casos de doenças não transmissíveis (DNTs) no mundo.
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“O tabaco nos ameaça a todos, exacerba a pobreza, reduz a produtividade econômica, compromete o orçamento familiar (significando menos dinheiro para comida, saúde e educação) e polui o ar”, diz o diretor-geral da OMS, Dr. Margaret Chan.
Todos os países se comprometeram com a Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2030, que visa fortalecer a paz universal e erradicar a pobreza. O programa inclui a implementação da convenção da OMS sobre Controle do Tabagismo e, até 2030, reduzir em um terço a morte prematura de doenças não transmissíveis (DNTs), incluindo doenças cardíacas e pulmonares, câncer e diabetes, para o qual o uso de tabaco é um fator de risco.
No Brasil, em 25 anos, o número de fumantes diários caiu de 29% para 12% entre homens e de 19% para 8% entre mulheres. Mesmo assim, o país ainda ocupa lugar no ranking de número absoluto de tabagistas, com o total de 18 milhões de tabagistas, segundo pesquisa publicada no INCA (Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva).
Riscos do Tabagismo vão além do câncer
De acordo com o oncologista Tiago Kenji Takahashi, médico especialista em câncer de pulmão no Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula (IOSP), o risco de câncer de pulmão em um ex-fumante será sempre maior quando comparado a alguém que nunca tenha fumado.
“Comparados aos não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver o câncer de pulmão. Geralmente os sintomas aparecem apenas quando a doença já está avançada como: tosse frequente, mudança no padrão da tosse, tosse com sangue, rouquidão, chiado no peito, falta de ar e dor no tórax”, explica o especialista.
Para quem convive com fumantes, o médico Takahashi aconselha evitar ao máximo o contato com o cigarro, estipulando a área externa como o único ambiente possível para quem quiser fumar. O médico afirma que o simples fato de ser fumante passivo já aumenta em 30% o risco de ter câncer de pulmão.
Se o tabagista está em tratamento, é importante que a família e amigos saibam lidar com as possíveis recaídas. “Em média, é na terceira tentativa que a interrupção definitiva é alcançada pelo paciente”, conclui o médico.
Além do câncer de pulmão, o cigarro pode causar cerca de 50 outras doenças, especialmente problemas ligados ao coração e à circulação.
De acordo com o médico, cada tragada é responsável pela inalação de aproximadamente 4,7 mil substâncias tóxicas. As principais são a nicotina, associada aos problemas cardíacos e vasculares (de circulação sanguínea); o monóxido de carbono (CO), que reduz a oxigenação sanguínea no corpo; e o alcatrão, que reúne vários produtos cancerígenos, como polônio, chumbo e arsênio.
Entre os principais danos ao corpo estão:
- Boca: mau hálito, irritação da gengiva, aparecimento de cáries, alteração nas papilas gustativas (que afeta o paladar) e aumento do risco de câncer de boca.
- Cérebro: A dificuldade de circulação sanguínea pode comprimir os vasos e aumentar a pressão arterial, resultando em um derrame cerebral.
- Coração: aumento do colesterol total, da pressão arterial e da frequência cardíaca, que pode subir até 30% durante as tragadas. Além disso, todo fumante é mais propenso a ter infarto.
- Corrente sanguínea: o fumante está mais sujeito a problemas relacionados à circulação como aneurisma, trombose, varizes e tromboangeíte obliterante, que afeta as extremidades do corpo, podendo levar à amputação de membros.
- Estômago: náuseas e irritação das paredes do estômago. As substâncias tóxicas do cigarro também podem gerar gastrite, úlcera e câncer no estômago.
- Fígado: a nicotina é metabolizada no fígado e, consequentemente, aumenta a chance de desenvolver câncer no órgão.
- Pulmão: os tecidos dos pulmões perdem a elasticidade e são destruídos aos poucos. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma dessas doenças e manifesta-se de duas maneiras: enfisema pulmonar e bronquite crônica. Das mortes provocadas por esses problemas, 85% estão associadas ao cigarro. Ela geralmente se desenvolve depois de muitos anos de agressão aos tecidos do pulmão por causa das toxinas do cigarro.
Como largar o cigarro?
Parar de fumar não é uma tarefa simples, mas é possível. Seguem abaixo algumas dicas do médico Tiago Kenji Takahashi:
– No Brasil o tratamento farmacológico é o mais conhecido e inclui o uso de adesivos, medicações e goma de mascar;
– Existem vários grupos de apoio antitabagistas para orientar os pacientes que desejam parar de fumar. As pessoas se reúnem em grupos de autoajuda no mínimo uma vez por semana. Em alguns casos essa frequência pode ser ajustada para mais dias por semana;
– A abstinência é normal e dura somente alguns minutos. Neste momento, é aconselhável beber água, mascar chiclete ou comer algum doce;
– O indivíduo deve evitar bebidas alcoólicas e café, pois essas bebidas estimulam a vontade de fumar;
– A prática de exercício físico contribui muito na melhora respiratória. As atividades mais indicadas são natação, caminhada, corrida e ciclismo;
– O apoio dos familiares é fundamental para o sucesso da recuperação do ex-fumante.
Benefícios para quem para de fumar
O oncologista ressalta alguns benefícios para o corpo:
– Após 20 minutos sem fumar a pressão sanguínea volta ao normal;
– 3 semanas sem cigarro resultam em uma circulação sanguínea adequada;
– De 5 a 10 anos, o risco de infarto é o mesmo de uma pessoa que nunca fumou;
– Pessoas que param de fumar aos 30 anos podem viver até dez anos mais;
– Quem para de fumar se torna menos ansioso e diminui o risco de calvície.