Dieta de oito semanas reduz significativamente a idade biológica

Grupo que seguiu a dieta em estudo reduziu sua idade biológica em uma média de de 7,5 meses em apenas oito semanas

Sabemos que a dieta e o estilo de vida desempenham um papel enorme no surgimento de doenças e no gerenciamento de muitas condições médicas. E agora pesquisadores demonstraram que seguir uma dieta baseada em vegetais por apenas dois meses tem um impacto significativo em nossa idade biológica.

O que é a idade biológica?

A idade biológica refere-se à condição fisiológica de um indivíduo, que pode ser diferente da sua idade cronológica (a quantidade de anos vividos).

Ela é determinada por vários fatores, incluindo a saúde das células, tecidos e órgãos, e pode ser influenciada por genética, estilo de vida, dieta, nível de atividade física, estresse e exposição a fatores ambientais.

É um dos principais marcadores de saúde à medida que envelhecemos.

Detalhes do estudo

Os pesquisadores queriam avaliar se mudar para uma dieta vegana por um curto período de tempo teria algum impacto nos marcadores biológicos da idade, o que traz a epigenética para o foco.

Uma área emergente de pesquisa, a epigenética analisa a idade celular e a expressão genética influenciada externamente, o que, por sua vez, tem um impacto significativo em nossa saúde.

O que comemos, por exemplo, impacta diretamente nosso epigenoma, ligando e desligando genes que podem ser benéficos ou prejudiciais à saúde.

Então, o estudo investigou como a nutrição pode ser usada para influenciar a expressão genética para prevenir e controlar doenças cardiovasculares, câncer e outras condições metabólicas.

As modificações epigenéticas também estão envolvidas na inflamação em muitos distúrbios, bem como obesidade, osteoporose e diabetes.

Estudo descobre que seguir dieta baseada em vegetais tem um impacto significativo em nossa idade biológica
Créditos: resnick_joshua1/DepositPhotos
Estudo descobre que seguir dieta baseada em vegetais tem um impacto significativo em nossa idade biológica

Os cientistas se propuseram medir como uma dieta vegana de curto prazo pode mudar os sinais biológicos de envelhecimento do corpo, em comparação a um estilo de vida onívoro.

Para isso, eles recrutaram 21 pares de gêmeos idênticos, com idade média de 40 anos, e designaram a um deles um plano de dieta vegana saudável de oito semanas. Ao outro, um plano de dieta onívora saudável no mesmo período.

O biomarcador chave foi a mudança na metilação do DNA – o processo pelo qual uma pequena molécula conhecida como grupo metil é adicionada ao DNA ou proteínas, essencialmente inibindo ou desencadeando a expressão genética.

A metilação do DNA também foi associada ao processo de envelhecimento, aumentando à medida que envelhecemos.

Descobertas

Embora ambos os gêmeos tenham iniciado o teste com pontuações de base semelhantes, aqueles na dieta vegana tiveram mudanças significativas nos marcadores.

Para avaliar a interação entre dieta e epigenética, os pesquisadores avaliaram as idades individuais de 11 sistemas de órgãos.

Foram eles: coração, pulmão, rim, fígado, cérebro, imunológico, inflamatório, sanguíneo, musculoesquelético, hormonal e metabólico.

No grupo vegano, eles encontraram reduções significativas na idade em cinco – os sistemas inflamatório, cardíaco, hormonal, hepático e metabólico. Por outro lado, o relógio epigenético não apresentou modificação para os onívoros.

No geral, o grupo vegano reduziu sua idade biológica em uma média de 0,63 anos (ou pouco mais de 7,5 meses) em apenas oito semanas.

Há, no entanto, algumas ressalvas. Os onívoros foram obrigados a comer entre 170-225 gramas de carne, um ovo e 1,5 porção de laticínios todos os dias.

Nas primeiras quatro semanas, todos os participantes comeram refeições especialmente preparadas, enquanto foram deixados por conta própria na segunda metade do estudo.

O grupo vegano também consumiu 200 calorias a menos por dia durante as primeiras quatro semanas de refeições preparadas e, no final do teste, perdeu em média 2 kg  a mais do que o grupo onívoro.

Os pesquisadores reforçam que mais pesquisas são necessárias para determinar se os resultados epigenéticos positivos foram totalmente resultado da dieta ou um efeito colateral da perda de peso.