Dimas Covas: ‘Atraso federal impediu 100 milhões de doses da CoronaVac’

Diretor do Intituto Butantan recorda os impasses nas tratativas por vacina durante CPI

Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira, 27, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que não fosse a demora de três meses por parte do governo federal em assinar do contrato de compra da CoronaVac, o Brasil já teria 100 milhões de doses do imunizante até maio. Com essas doses, daria para imunizar até 50 milhões de brasileiros.

“As 100 milhões de doses poderiam ter sido integralizadas em maio se houvesse a contratação [do Ministério da Saúde] antes”, disse.

Dimas Covas diz que demora do Ministério da Saúde em assinar contrato impediu 100 milhões de doses da CoronaVac
Créditos: reprodução/TV Senado
Dimas Covas diz que demora do Ministério da Saúde em assinar contrato impediu 100 milhões de doses da CoronaVac

Dimas afirmou que a primeira oferta de CoronaVac foi feita em julho de 2020 ao governo federal. Antes, portanto, das primeiras ofertas da Pfizer, feitas em agosto. Segundo ele, o país poderia ter sido o primeiro a iniciar a vacinação.

O diretor do Instituto Butantan ainda afirmou que ocorreu uma série de reuniões com representantes do Ministério da Saúde e estava previsto para o dia 20 de outubro o anúncio da aquisição da CoronaVac. “Seria até uma comemoração capitaneada pelo então ministro da Saúde [Eduardo Pazuello] no anúncio dessa vacina”, lembrou.

Um dia antes, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro falou publicamente que havia mandado cancelar o contrato, dizendo que não abria mão de sua autoridade.

Apenas em 7 de janeiro, o contrato foi firmado, mas com apenas 46 milhões doses.

O diretor do Instituto Butantan também disse que por conta desse atraso na assinatura do contrato com o Ministério da Saúde e atraso na chegada dos insumo, o Instituto Butantan pode não cumprir com a entrega das 100 milhões de doses da CoronaVac ao PNI previstas para setembro.

“Nesse momento, não sabemos se as 100 milhões de doses serão entregues em setembro devido ao atraso da matéria-prima.  Não há certeza do tempo para se entregar as 100 milhões por conta dos insumos”. disse Covas.