É isso que o sedentarismo na infância causa na vida adulta, segundo estudo

Estudo concluiu que o coração de crianças sedentárias fica mais pesado

Estudo sobre riscos de sedentarismo na infância
Créditos: iStock/SeventyFour
Estudo sobre riscos de sedentarismo na infância

Os efeitos do sedentarismo na saúde humana têm sido foco de diversos estudos ao longo dos anos. Recentemente, uma pesquisa ganhou destaque, pois indicou que o excessivo tempo de inatividade física em crianças, devido às longas horas na frente de telas de dispositivos eletrônicos, pode levar a problemas cardíacos na vida adulta.

A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade da Finlândia Oriental e apresentada nesta quarta-feira, 23, na reunião da Sociedade Europeia de Cardiologia.

Andrew Agbaje, pesquisador responsável pelo estudo, alerta sobre o aumento do risco de eventos cardíacos e derrames, associados com o peso aumentado do coração.

“Todas essas horas de tela em jovens se somam a um coração mais pesado. O que sabemos, mediante estudos em adultos, aumenta a probabilidade de ataque cardíaco e derrame”, enfatiza.

Entenda o impacto do sedentarismo

O estudo incluiu 766 crianças. Aos 11 anos, os participantes ficavam sedentários durante 362 minutos por dia, aumentando para 474 minutos diários aos 15 anos e para 531 minutos quando se tornavam adultos, com 24 anos.

O que significa que o tempo sedentário aumentou em média 169 minutos, cerca de 2,8 horas por dia entre a infância e a vida adulta, segundo o estudo.

Eles avaliaram o peso do ventrículo esquerdo do coração através de ecocardiogramas. Isso ocorreu em duas etapas do estudo, quando os participantes tinham 17 e 24 anos. Após considerar outros fatores de risco como tabagismo e gordura corporal, os cientistas concluíram que o aumento médio de 169 minutos de inatividade diária resultou em um incremento de cerca de 3g na massa ventricular esquerda do coração.

Em estudos anteriores, realizados em adultos, o mesmo aumento na massa do ventrículo esquerdo, ocorrido ao longo de sete anos, acabou associado a um risco duas vezes maior de doença cardíaca, AVC e morte.

“Nosso estudo indica que o acúmulo de tempo inativo está relacionado a danos cardíacos independentemente do peso corporal e da pressão arterial”, afirma Agbaje.

Atenção às consequências do sedentarismo

O pesquisador ainda destacou a importância dos pais incentivarem o movimento das crianças, além de limitarem o tempo passado nas redes sociais e videogames.

Pediatras e educadores recomendam ainda a prática regular de atividades físicas, como brincadeiras ao ar livre, equilibrando o tempo de uso de dispositivos eletrônicos. Implementar uma dieta equilibrada e saudável também é fundamental para garantir uma vida adulta livre de problemas cardiovasculares.

O estudo traz uma valiosa contribuição, ao evidenciar as consequências do sedentarismo precoce na saúde do coração. É necessário despertar a atenção da população para os perigos da inatividade física e do tempo excessivo passado na frente de telas.