É preciso entender que autoestima vai além de sentir-se bonito(a)
A definição limitada e simplista que nos é vendida como autoestima acaba nos afastando ainda mais do sentimento de autovalorização
A melhoria da autoestima tem sido vendida como item essencial para sermos felizes. Diz-se que devemos resgatá-la para só então vivermos a vida em sua plenitude. Não há dúvida de que ter autoestima é algo importante e poderosíssimo para construirmos uma relação saudável com nosso corpo e mente.
O problema é que muitas vezes se vende a ideia de que autoestima pode ser atingida por meio do consumo de produtos – de alimentos ditos milagrosos para emagrecer a cirurgias plásticas para definição do corpo e até cursos de autoajuda ministrados por profissionais de formação duvidosa. E é aí que mora o perigo. Por isso, antes de qualquer coisa, precisamos entender melhor o que significa autoestima.
Autoestima pode ser entendida como um sentimento de satisfação e contentamento de um individuo que é consciente de suas qualidades, habilidades e potencialidades, tornando-se ciente de seu valor e, como consequência, seguro com seu modo de ser e agir. Logo, autoestima elevada está longe de ser apenas a ideia de se achar fisicamente bonito(a) e gostar do que se vê no espelho.
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Infelizmente, porém, essa definição limitada e simplista é vendida a peso de ouro, com o intuito de nos oferecer subterfúgios supostamente capazes de nos fazer gostar de nós mesmos, quando, na verdade, acaba nos afastando ainda mais do sentimento de autovalorização genuíno e amplo que é a verdadeira base de uma autoestima saudável.
O mercado da estética é um exemplo clássico do que mencionei acima. Tende-se a empregar um construto de autoestima baseado na simples satisfação com a boa aparência, alcançável por meio de produtos estéticos. Desde cirurgias plásticas que prometem uma relação transformada com o corpo a remédios para emagrecer que garantem recuperar seu sorriso ao olhar-se no espelho; de consultas com “gurus” que asseguram a recuperação da satisfação em viver no próprio corpo por meio de técnicas sem embasamento científico a livros e lives nas redes sociais com propósito de atingir o tão sonhado amor-próprio. Na maioria dos casos, estamos diante de nichos de mercado interessados apenas em vender a pessoas em momento de fragilidade a ideia de que o aumento da autoestima pode se atingir como num passe de mágica.
É preciso que busquemos aumentar a nossa autoestima, pois só assim asseguraremos uma relação mais vigorosa com nós mesmos, baseada na segurança de sermos quem somos. Mas nossa aparência não deve ser a única obsessão, e sim que possamos nos sentir livres e vivos, aproveitando na plenitude nossas qualidades e certezas em todos os corpos e com todos os tipos de beleza.
Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.