Entenda como o olfato pode sinalizar Alzheimer precoce
Pesquisadores examinam se a perda do olfato poderia ser usada para diagnosticar a condição
Embora a causa exata do Alzheimer ainda não seja completamente compreendida, pesquisadores exploram várias pistas para o diagnóstico precoce da doença. Uma dessas pistas é a relação entre a doença e o olfato.
Estudos recentes sugerem que a perda do olfato pode ser um dos primeiros sinais da doença, ocorrendo anos antes do aparecimento dos sintomas mais comuns, como a perda de memória.
O sistema olfativo e o cérebro
Para entender como o olfato pode sinalizar o Alzheimer, é importante compreender como o sistema olfativo está conectado ao cérebro.
O processamento do olfato ocorre no bulbo olfativo, uma estrutura localizada na base do cérebro.
O bulbo olfativo está intimamente ligado ao sistema límbico, que é responsável por funções como emoção e memória.
Essa proximidade anatômica significa que mudanças patológicas no cérebro, como aquelas causadas pelo Alzheimer, podem afetar rapidamente a função olfativa.
Ainda não se conhece totalmente os mecanismos exatos pelos quais o Alzheimer afeta o olfato, mas há várias hipóteses.
Uma possibilidade é que as placas beta-amiloides e os emaranhados neurofibrilares danificam diretamente as áreas do cérebro responsáveis pelo olfato.
Outra hipótese é que a inflamação crônica, que é uma característica do Alzheimer, prejudica o bulbo olfativo e outras áreas cerebrais envolvidas no olfato.
Estudos sobre a perda de olfato
Em um estudo publicado na revista JAMA Neurology, os pesquisadores descobriram que indivíduos com comprometimento cognitivo leve – uma condição que frequentemente precede o Alzheimer – tinham uma capacidade reduzida de identificar cheiros.
Outro estudo realizado pela Universidade da Pensilvânia mostrou que a perda do olfato estava associada a um risco aumentado de desenvolver Alzheimer.
Esses estudos sugerem que testes de olfato poderiam funcionar como uma ferramenta de triagem para identificar indivíduos em risco de desenvolver a doença.
Testes de olfato como ferramenta diagnóstica
Com base nessas descobertas, pesquisadores estão desenvolvendo testes de olfato que poderiam ser ajudar a identificar o Alzheimer em seus estágios iniciais.
Esses testes geralmente envolvem a apresentação de diferentes odores aos pacientes, que então devem identificar ou diferenciar entre eles.
A dificuldade em realizar essas tarefas pode ser um sinal de comprometimento olfativo e, por extensão, um possível indicador de Alzheimer.
Apesar dos avanços promissores, ainda há desafios significativos.
Um dos principais deles é a variabilidade individual na capacidade olfativa.
Fatores como idade, gênero, tabagismo e outras condições médicas podem influenciar a capacidade de uma pessoa de identificar odores.
Além disso, a perda de olfato pode ser um sintoma de várias outras condições neurológicas e não-neurológicas, tornando difícil usar esse critério isoladamente para diagnosticar o Alzheimer.