Essas inseguranças são as que mais incentivam o uso de aplicativos de namoro

Para muitos jovens, especialmente aqueles com ansiedade social ou medo da rejeição, essas plataformas funcionam como uma ferramenta de escudo emocional

05/05/2025 09:34

Pesquisadores alertam que os apps de namoro podem ser armadilhas emocionais
Pesquisadores alertam que os apps de namoro podem ser armadilhas emocionais - AsiaVision/istock

Um novo estudo publicado na revista Computers in Human Behavior revela que jovens adultos com ansiedade social, preocupação com a aparência e medo da rejeição são mais propensos a usar aplicativos de namoro — e também mais vulneráveis ao uso problemático dessas plataformas.

A pesquisa, realizada com mais de 5 mil participantes entre 18 e 35 anos, sugere que, embora esses aplicativos ofereçam uma saída para evitar o desconforto de interações presenciais, eles podem se tornar uma armadilha emocional.

A análise apontou que três traços psicológicos principais — ansiedade de aparência social, ansiedade de interação social e sensibilidade à rejeição — influenciam diretamente como os jovens utilizam os aplicativos de namoro. Esses fatores não apenas aumentam a percepção de que os apps são úteis para criar conexões e controlar a imagem pessoal, como também estão fortemente ligados ao uso excessivo ou compulsivo dessas plataformas.

Apps de namoro: aliados ou gatilhos emocionais?

O estudo identificou que quanto maior o nível de ansiedade ou sensibilidade à rejeição, maior a tendência de:

  • Acreditar que os apps ajudam a formar relacionamentos;
  • Usar os apps para moldar a própria imagem de forma controlada;
  • Preferir interações virtuais em vez de encontros presenciais;
  • Apresentar comportamentos de uso problemático, como dependência emocional ou compulsividade.

De acordo com os pesquisadores, essas descobertas reforçam duas teorias opostas sobre a comunicação digital: a hipótese da compensação social, que sugere que pessoas com dificuldades sociais usam os apps como apoio emocional; e a hipótese do aprimoramento social, que afirma que essas tecnologias podem ampliar fragilidades pré-existentes.

Rejeição virtual dói (e pode viciar)

Um dos achados mais relevantes do estudo foi o papel da sensibilidade à rejeição como ponte entre a ansiedade social e o uso compulsivo dos apps. Jovens que têm medo intenso de serem rejeitados acabam mais propensos a depender das interações digitais para se sentirem validados — criando um ciclo difícil de quebrar.

Apesar de os aplicativos oferecerem benefícios imediatos, como segurança emocional e controle sobre a autoimagem, os pesquisadores alertam para os riscos a longo prazo, incluindo impactos na saúde mental e na autoestima.

Sensibilidade à rejeição pode ser combustível para uso de apps de namoro
Sensibilidade à rejeição pode ser combustível para uso de apps de namoro - fizkes/istock

Os autores recomendam que os desenvolvedores de aplicativos de namoro considerem essas vulnerabilidades psicológicas ao criar novas funcionalidades. Recursos que promovam interações mais saudáveis e bem-estar emocional podem ajudar usuários ansiosos a evitar armadilhas digitais.

Além disso, intervenções focadas em melhorar habilidades sociais offline e reduzir a sensibilidade à rejeição podem tornar o uso dessas plataformas mais equilibrado.