Este anti-inflamatório pode aumentar a imunidade contra o câncer

Um novo estudo revela mecanismos até então desconhecidos que explicam como o uso diário de aspirina a longo prazo pode ajudar a prevenir o câncer

02/05/2024 10:32

Pesquisas anteriores sugeriram que o uso de aspirina, um medicamento anti-inflamatório não esteroide comum (AINE), pode prevenir o desenvolvimento e a progressão do câncer colorretal.

No entanto, os mecanismos por trás dos efeitos protetores da aspirina têm sido pouco compreendidos.

O novo estudo, publicado na revista CANCER, sugere que a droga pode aumentar certos aspectos da resposta imunológica do corpo contra as células cancerígenas.

Como a pesquisa testou o efeito do medicamento?

Para testar os efeitos da aspirina, investigadores na Itália obtiveram amostras de tecidos de 238 pacientes que fizeram cirurgia para câncer colorretal, 12% dos quais utilizavam aspirina.

A exposição de células cancerosas colorretais à aspirina em laboratório aumentou a expressão de uma proteína chamada CD80 em certas células do sistema imunológico.

Isto melhorou a capacidade das células de alertar outras células do sistema imunológico sobre a presença de proteínas associadas ao tumor.

Estudo detalha como anti-inflamatório comum pode barrar as células que formam o câncer
Estudo detalha como anti-inflamatório comum pode barrar as células que formam o câncer - fizkes/istock

Em pacientes com câncer retal, os usuários de aspirina apresentaram maior expressão de CD80 em tecido retal saudável, apoiando as descobertas nas células.

“Nosso estudo mostra um mecanismo complementar de prevenção do câncer ou terapia com aspirina, além de seu mecanismo medicamentoso clássico que envolve a inibição da inflamação”, disse o pesquisador principal Marco Scarpa, Ph.D., da Universidade de Pádua.

Scarpa explica que quando a aspirina é administrada por via oral, sua concentração no reto pode ser muito menor do que no restante do cólon.

Portanto, é fundamental garantir que a aspirina chegue ao trato colorretal em doses adequadas para ser eficaz.

Contraindicações da aspirina

Além dos seus efeitos protetores contra o câncer colorretal e os pólipos, a aspirina diária também pode reduzir o risco de ataque cardíaco e derrames relacionados a coágulos.

No entanto, a aspirina pode não é uma escolha segura para grávidas e pessoas com condições como hipertensão não controlada, distúrbios hemorrágicos, asma, úlceras estomacais, doenças hepáticas e renais.

Em 2022, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA recomendou não tomar aspirina em baixas doses para prevenção de um primeiro evento cardiovascular em pessoas com 60 anos ou mais devido a riscos de sangramento.

Como prevenir câncer colorretal?

O risco de câncer colorretal aumenta com a idade e é maior em pessoas com histórico familiar da doença. 

A prevenção envolve um conjunto abrangente de estratégias, começando pela alimentação.

É importante incorporar uma dieta rica em fibras, frutas e vegetais, além de grãos integrais. Também recomenda-se evitar alimentos processados e gorduras saturadas.

Além disso, controlar o peso é essencial; manter um peso saudável implica em praticar exercícios regularmente e evitar o excesso o excesso de calorias.

Limitar o consumo de álcool e eliminar o tabagismo são passos adicionais. Esses hábitos estão associados a um aumento do risco de câncer colorretal e, portanto, reduzi-los ou eliminá-los é uma medida preventiva importante.

Em paralelo, é imprescindível submeter-se a exames de rastreamento regulares, como colonoscopia, sigmoidoscopia ou testes de fezes, especialmente a partir dos 45 anos de idade, ou até antes, se houver histórico familiar da doença.

Quais os sintomas de câncer colorretal?

  • Sangramento retal, muitas vezes percebido como sangue nas fezes ou no papel higiênico após evacuar.
  • Mudanças no padrão intestinal, como diarreia, constipação ou alterações na consistência das fezes.
  • Desconforto abdominal persistente, cólicas ou dor abdominal inexplicada.
  • Sensação de que o intestino não foi completamente esvaziado após uma evacuação.
  • Fraqueza ou fadiga inexplicável.
  • Perda de peso não intencional.
  • Sensação de que o reto está bloqueado ou obstruído.
  • Anemia inexplicada, caracterizada por falta de ferro no sangue, que pode resultar em fadiga ou fraqueza.

É importante notar, entretanto, que esses sintomas podem variar em intensidade e frequência, e nem todas as pessoas com câncer colorretal apresentarão todos esses sinais.

No entanto, se você notar qualquer um desses sintomas, especialmente se persistirem por mais de algumas semanas, é fundamental procurar orientação médica.