Estudo associa consumo de peixe a risco de câncer de pele
De acordo com os autores, a explicação provável para o risco elevado de câncer é a presença de biocontaminantes no peixe
Um estudo conduzido por pesquisadores da Brown University e publicado na revista Cancer Causes & Control nesta quinta-feira, 9, aponta que comer peixe duas vezes por semana pode aumentar o risco de desenvolvimento de melanoma, um câncer de pele.
Segundo os cientistas, os riscos são cinco vezes maiores entre as pessoas adotam duas porções de peixe na dieta por semana. Uma porção de peixe cozido é de aproximadamente 140-170 gramas, uma lata de atum é de 142 gramas.
“Este estudo é importante porque é muito grande e prospectivo por design, o que significa que a ingestão de peixes foi avaliada antes do desenvolvimento do câncer”, disse o autor Eunyoung Cho, professor associado de dermatologia e epidemiologia da Brown University.
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O estudo acompanhou, por 15 anos, 491.367 participantes, com 62 anos de idade em média, que comiam com que frequência peixe frito, peixe não frito e atum.
Nesse período, 5.034 participantes (1%) desenvolveram melanoma maligno e 3.284 (0,7%) desenvolveram melanoma in situ (estágio 0), que é quando as células cancerígenas são encontradas na camada superior da epiderme, às vezes chamada de “pré-câncer”.
Os pesquisadores descobriram que a maior ingestão de peixe e atum não fritos estava associada a riscos aumentados de melanoma maligno e melanoma em estágio 0.
Em comparação com aqueles cuja ingestão média diária de atum foi de 0,3 gramas, aqueles cuja ingestão média diária de atum foi de 14,2 gramas tiveram um risco 20% maior de melanoma maligno e um risco 17% maior de melanoma estágio 0.
Por outro lado, os pesquisadores não identificaram associações significativas entre o consumo de peixe frito e o risco de melanoma maligno ou melanoma de estágio 0.
O que explica a relação?
De acordo com os autores do estudo, a explicação provável para o risco elevado de câncer é a presença de biocontaminantes como o mercúrio.
“Nós especulamos que nossas descobertas podem ser atribuídas a contaminantes em peixes, como bifenilos policlorados, dioxinas, arsênico e mercúrio”, disse o professor Cho.
“Pesquisas anteriores descobriram que a maior ingestão de peixe está associada a níveis mais altos desses contaminantes no corpo e identificou associações entre esses contaminantes e um maior risco de câncer de pele. No entanto, observamos que nosso estudo não investigou as concentrações desses contaminantes nos corpos dos participantes e, portanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar essa relação”.
Os autores dizem que pesquisas futuras são necessárias para investigar os componentes dos peixes – especialmente os contaminantes – que podem contribuir para a associação observada entre a ingestão de peixes e o risco de melanoma, bem como para entender os mecanismos biológicos subjacentes a essa associação.