Estudo descobre o que seu cérebro aprende ao vivenciar a rejeição

Sentir-se excluído ou preterido, faz seu cérebro tomar notas, ajudando você a navegar pelo complexo cenário social

12/12/2024 07:01

Viver um amor não correspondido, não ser convidado para o casamento de um amigo, ou ser preterido em uma promoção no trabalho. Todas essas formas de rejeição doem, mas, na verdade, essas experiências ajudam a moldar como nos conectamos com os outros e é uma valiosa ferramenta de aprendizado. É o que descobriu um estudo da University of Southern California, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences.

De acordo com os pesquisadores, nossos cérebros processam a aceitação e a rejeição social, fornecendo insights sobre o complexo mundo dos relacionamentos humanos, ajudando-nos a lidar com as situações com mais sabedoria e resiliência.

Como a rejeição se manifesta?

  • No campo emocional ou romântico: quando os sentimentos ou avanços de alguém não são correspondidos.
  • No ambiente social: quando uma pessoa é excluída de grupos ou atividades.
  • No trabalho ou estudos: quando uma proposta, projeto ou candidatura é recusada.
  • Em ideias ou opiniões: quando pensamentos ou sugestões não são aceitos ou considerados válidos.

Detalhes da investigação

O estudo investigou como as pessoas processam a rejeição e a aceitação social usando uma abordagem de neuroimagem computacional.

A investigação focou em estudantes universitários, um grupo que está passando por transições sociais significativas. Os pesquisadores projetaram um experimento que parecia um jogo baseado em confiança, mas era, na verdade, uma exploração de como aprendemos com interações sociais.

Os participantes criaram perfis pessoais e então se envolveram em uma série de rodadas interativas onde eles acreditavam que estavam sendo avaliados quanto à confiabilidade por potenciais parceiros. Na realidade, as respostas foram geradas por computador, permitindo que os pesquisadores controlassem cuidadosamente o feedback social.

Usando uma combinação de experimentos comportamentais, neuroimagem por ressonância magnética e modelos computacionais, o estudo descobriu que a formação de laços sociais depende de duas funções cerebrais: aprender com resultados positivos, ou recompensas, e monitorar o quanto os outros nos valorizam.

Os pesquisadores explicaram que o sorriso ou elogios , por exemplo, são recompensas sociais que podem sinalizar aceitação, o que parece gratificante e nos encoraja a buscar mais interações.

Da mesma forma, quando vemos que os outros nos valorizam — como quando um amigo oferece apoio — isso nos motivam a fortalecer esses laços.

Diferentes reações do cérebro

As varreduras cerebrais revelaram algo interessante. Diferentes regiões cerebrais se ativam dependendo do tipo de feedback social recebido.

Áreas ligadas à rejeição social se iluminaram quando os participantes ajustaram suas crenças sobre seu valor social, enquanto áreas associadas à recompensa se tornaram ativas durante momentos de aceitação.

Através de uma abordagem de neuroimagem computacional, pesquisa observa que aceitação e rejeição ativam diferentes áreas do cérebro
Através de uma abordagem de neuroimagem computacional, pesquisa observa que aceitação e rejeição ativam diferentes áreas do cérebro - nopparit/istock

O processamento duplo observado no cérebro reflete como os humanos se adaptam ao feedback social para promover relacionamentos saudáveis. 

De acordo com os pesquisadores, ao compreender esses complexos mecanismos neurais, podemos entender melhor como os humanos constroem e mantêm relacionamentos, transformando nossa visão da rejeição social de uma experiência puramente negativa em uma oportunidade de aprendizado.

A equipe de pesquisa acredita também que entender a neurociência por trás desses processos pode nos ajudar a entender melhor certos desafios de saúde mental, como o transtorno de ansiedade social e a depressão, que podem ser impactadas pela rejeição.