Estudo descobre que creatina pode ajudar no tratamento da depressão

Pessoas que faziam terapia para depressão leve a grave relataram maiores melhorias em seus sintomas quando também tomaram creatina

04/02/2025 12:18

A creatina monohidratada, conhecida principalmente por seu uso no fisiculturismo, pode ter um novo papel promissor na saúde mental. Um estudo recente, publicado no Science Direct, aponta que a suplementação diária desse composto, aliada à psicoterapia, pode ajudar a aliviar os sintomas da depressão, com poucos efeitos colaterais.

O que é a creatina e como ela atua?

A creatina é uma substância naturalmente produzida pelo corpo e encontrada em alimentos ricos em proteínas, como carne e peixe. Seu principal papel é fornecer energia às células, especialmente às musculares e cerebrais. Isso explica por que ela é amplamente utilizada por atletas e fisiculturistas para melhorar o desempenho físico e a recuperação muscular.

No entanto, pesquisas recentes sugerem que a creatina pode ter um impacto positivo na função cerebral. O cérebro consome grandes quantidades de energia, e a creatina pode atuar como um reforço para o metabolismo cerebral, auxiliando na regulação do humor e na resposta ao estresse.

Suplementação de creatina pode contribuir para uma maior resposta às estratégias antidepressivas convencionais
Suplementação de creatina pode contribuir para uma maior resposta às estratégias antidepressivas convencionais - iSTock/Anastasiia Zabolotna

Detalhes do estudo

Várias revisões resumiram dados de estudos pré-clínicos e clínicos que apoiam seu uso para melhorar o tratamento de transtornos depressivos. O estudo atual quis comprovar essas evidências e para isso selecionou 100 pacientes diagnosticados com depressão com idades entre 18 e 60 anos. 

Os participantes foram divididos em dois grupos: um recebeu 5 g/dia de creatina monohidratada e fazia Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) a cada quinze dias. O outro grupo recebeu um placebo, além de fazer a terapia. 

Ao longo de 8 semanas de tratamento, ambos os grupos do estudo apresentaram uma redução significativa nas pontuações de depressão.  No entanto, aqueles participantes do grupo da creatina + TCC apresentaram pontuações de gravidade dos sintomas de depressão mais baixas em comparação com aqueles do grupo placebo + TCC.

Do grupo que recebeu creatina, 12 participantes (24%) atingiram remissão completa dos sintomas depressivos, contra apenas cinco no grupo controle.

Ao contrário de todos os ensaios anteriores que investigaram a creatina como um adjuvante aos medicamentos antidepressivos, o atual estudo usou uma intervenção psicológica, a TCC, como comparador comum. “Dessa perspectiva, nossa descoberta de que a creatina poderia aumentar o efeito da TCC é nova e sua base mecanicista desconhecida”, escrevem os autores. 

De acordo com eles, baixos níveis de creatina no córtex pré-frontal foram associados à sintomatologia depressiva, portanto, “restaurar a creatina pré-frontal e os metabólitos relacionados pode ser importante para uma psicoterapia eficaz porque essa área do cérebro está implicada no funcionamento da TCC”.

Os pesquisadores destacam que são necessários mais estudos para observar se benefícios semelhantes podem ser observados para outros tratamentos psicológicos.

Efeitos adversos

De acordo com o perfil de segurança estabelecido da creatina, não foi observada nenhuma diferença em termos de número de pacientes que apresentaram quaisquer eventos adversos e seu número total entre creatina e placebo. Conforme estudos anteriores, queixas gastrointestinais e musculares foram mais frequentes no grupo creatina + TCC e se tornaram menos comuns e problemáticas ao longo do estudo conforme a tolerância se instalou.