Estudo descobre que perda de olfato pode ser um dos primeiros sinais de Alzheimer

Pesquisadores alemães revelam que alterações no olfato podem indicar os primeiros estágios da doença, abrindo caminho para diagnósticos mais rápidos

03/09/2025 09:30

Um estudo conduzido pela Universidade de Munique, na Alemanha, trouxe novas evidências de que a perda de olfato pode ser um dos primeiros sinais do Alzheimer. Segundo os pesquisadores, células de defesa do cérebro, conhecidas como microglia, podem atacar fibras nervosas que conectam o bulbo olfativo a áreas responsáveis pela percepção de cheiros, comprometendo o sistema sensorial antes mesmo do aparecimento da perda de memória.

Os cientistas observaram o fenômeno em três etapas: em testes com camundongos, por meio de exames de imagem (PET scan) em pacientes vivos e em análises de tecidos cerebrais de pessoas que faleceram com Alzheimer. Em todos os casos, houve indícios de que o sistema imunológico confundia neurônios saudáveis com células a serem eliminadas, atacando regiões ligadas ao olfato.

Evidências que reforçam a ligação

Pesquisas anteriores já haviam mostrado a relação entre perda de olfato e risco de demência. Em um estudo com quase 3.000 adultos nos Estados Unidos, aqueles que apresentaram prejuízo olfativo tiveram o dobro de chances de desenvolver demência em até cinco anos.

Outro levantamento, publicado na Springer Nature, acompanhou pacientes por 12 anos e confirmou que a alteração no olfato pode ser um forte indicador precoce da doença.

Pesquisadores alemães revelam que alterações no olfato podem indicar os primeiros estágios do Alzheimer
Pesquisadores alemães revelam que alterações no olfato podem indicar os primeiros estágios do Alzheimer - Rawpixel/istock

Diagnóstico precoce pode mudar o tratamento

Atualmente, medicamentos inovadores, como os anticorpos contra beta-amiloide, apresentam melhores resultados quando usados nas fases iniciais do Alzheimer. Identificar pacientes antes da perda significativa de memória pode aumentar a eficácia esses tratamentos e oferecer mais qualidade de vida.

Segundo especialistas, a simples avaliação do olfato pode se tornar uma ferramenta acessível e complementar no rastreamento da doença. Para além da inovação científica, o estudo destaca a urgência de fortalecer o sistema de diagnóstico precoce, já que milhões de pessoas no mundo convivem com demência sem receber o suporte adequado.