Estudo destaca novo sinal de Alzheimer que deve ser considerado

Pesquisadores chamam atenção para erros específicos de navegação que podem indicar sinais precoces da doença

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
16/01/2025 10:29 / Atualizado em 20/01/2025 20:40

A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada por um declínio progressivo das funções cognitivas, incluindo memória, linguagem e orientação espacial. Recentemente, um estudo conduzido pela University College London (UCL) identificou um novo sinal precoce da doença: a dificuldade em virar-se ao caminhar.

Detalhes do estudo

Publicado na revista Current Biology, o estudo envolveu 31 jovens saudáveis, 36 idosos saudáveis e 43 pacientes com comprometimento cognitivo leve, condição que pode preceder a demência.

Utilizando óculos de realidade virtual, os participantes foram orientados a percorrer um trajeto delimitado por cones numerados, composto por segmentos retos interligados por curvas. Posteriormente, deveriam retornar ao ponto de partida baseando-se apenas na memória. A tarefa foi repetida sob três condições distintas para avaliar a consistência dos resultados.

Estudo identifica um novo sinal precoce de Alzheimer
Estudo identifica um novo sinal precoce de Alzheimer - Zhanna Danilova/istock

Descobertas

Os pesquisadores descobriram que as pessoas com Alzheimer precoce superestimavam consistentemente as curvas na rota e mostravam maior variabilidade no seu senso de direção.

Essa incapacidade de manter a orientação durante mudanças de direção é atribuída a alterações iniciais no hipocampo, uma região do cérebro fundamental para a memória e a navegação espacial – estruturas que são impactadas nos estágios iniciais do Alzheimer.

Por que este sinal é importante?

Atualmente, o diagnóstico precoce do Alzheimer é desafiador. Os métodos mais utilizados dependem da observação de sintomas cognitivos avançados ou de exames invasivos, como análises de líquido cefalorraquidiano ou imagens cerebrais. A identificação de dificuldades sutis em tarefas motoras, como virar-se ao caminhar, oferece uma alternativa não invasiva e mais acessível para triagem precoce.

Além disso, a descoberta abre portas para a inclusão de avaliações de navegação espacial em rotinas clínicas. Simples testes baseados em tecnologia de realidade virtual ou exercícios físicos monitorados poderiam se tornar ferramentas valiosas para detectar o Alzheimer antes que danos mais graves ocorram.