Estudo diz que animais de estimação podem ser tão bons para saúde mental quanto um parceiro

A ciência confirma: além de amor e companhia, os pets oferecem um verdadeiro investimento em saúde mental e qualidade de vida

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
22/05/2025 07:01 / Atualizado em 26/05/2025 18:13

A mensagem é clara: promover o acesso aos animais de estimação pode ser uma das formas mais eficazes e acessíveis de melhorar a felicidade
A mensagem é clara: promover o acesso aos animais de estimação pode ser uma das formas mais eficazes e acessíveis de melhorar a felicidade - MSTORY/istock

Um novo estudo revela que ter animais de estimação, como cães e gatos, oferecem benefícios emocionais profundos, comparáveis aos ganhos de marcos de vida como casar-se ou estar em contato frequente com familiares e amigos.

Animais de estimação e bem-estar: mais do que companhia

Pesquisadores da Universidade de Kent, no Reino Unido, descobriram que a presença de um cão ou gato em casa está associada a um aumento significativo na satisfação com a vida. 

Além de serem companheiros fiéis, os pets ajudam a reduzir a solidão, promovem bem-estar emocional e funcionam como amortecedores do estresse diário. Segundo os autores do estudo, a felicidade gerada por esses animais é comparável a ver amigos ou familiares regularmente — ou seja, eles ocupam um papel social fundamental na vida de seus tutores.

Como o estudo chegou a essa conclusão?

O levantamento utilizou dados do Estudo Longitudinal de Domicílios do Reino Unido, analisando mais de 2.600 respostas de 769 pessoas. Para garantir a precisão, os pesquisadores ajustaram variáveis como idade, escolaridade, renda, personalidade e estado civil. Um método estatístico chamado “variável instrumental” foi usado para isolar a relação de causa e efeito entre ter um animal de estimação e a felicidade, com base em comportamentos ligados à posse de pets, como cuidar da casa de vizinhos.

Além de serem companheiros fiéis, os pets ajudam a reduzir a solidão
Além de serem companheiros fiéis, os pets ajudam a reduzir a solidão - Lazy_Bear/istock

O resultado foi claro: ter um cachorro ou gato realmente causa um aumento na satisfação com a vida — não é apenas uma característica de pessoas já felizes que tendem a adotar animais.

Implicações sociais 

Especialistas sugerem que esses dados podem influenciar decisões de saúde pública e políticas habitacionais. A psiquiatra Ashwini Nadkarni, da Harvard Medical School, destacou que estamos vivendo uma epidemia de solidão, e que animais de estimação podem ser aliados poderosos no enfrentamento desse desafio.

A inclusão de pets em programas comunitários, centros de apoio emocional ou até mesmo em iniciativas voltadas à saúde mental pode trazer ganhos mensuráveis para a sociedade. 

Pets devem ser tratados como membros da família?

Outro ponto importante levantado pelo estudo é a necessidade de rever como os animais são tratados legalmente. Hoje, em muitos países, eles ainda são considerados propriedade — como objetos com valor apenas financeiro. Com base nas descobertas, os autores defendem que os pets devem ser reconhecidos como parte da estrutura familiar, inclusive em casos de separações ou disputas judiciais.

Além disso, as conclusões incentivam a criação de leis mais flexíveis para permitir a presença de animais em moradias alugadas, já que o acesso a pets se mostrou altamente benéfico para o bem-estar humano.

Passeio com o pet traz benefícios para a saúde física do animal e do tutor

André Della Creche, profissional de educação física e especialista em fisiologia do exercício pela UNIFESP, afirma que a prática de passeio com o pet pode trazer diversos benefícios à saúde do animal e do próprio tutor. “Embora as espécies sejam diferentes, o sistema do ser humano e do animal são semelhantes, então a prática é benéfica para ambos e age diretamente no condicionamento aeróbico, que é o sistema responsável pelo bom funcionamento do coração e dos pulmões.”

Leia mais sobre o assunto nesta matéria especial da Catraca Livre.