Estudo indica os 3 fatores que mais levam à demência no Brasil

Os autores usaram dados de 9.412 participantes em um estudo para mapear a influência de diferentes condições no declínio cognitivo

Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) indica os 12 fatores de risco que mais levam à demência no Brasil. Três deles estariam relacionados a 22% de todos os casos da doença no país, segundo os resultados.

A análise buscou mapear a influência de várias condições dos brasileiros. Os autores usaram dados do Estudo Longitudinal de Envelhecimento no Brasil (ELSI-Brasil), que reuniu 9.412 participantes com idade média de 63 anos, de diferentes regiões, níveis socioeconômicos e raças.

Estudo indica fatores que causam maior incidência de demência no Brasil
Créditos: gorodenkoff/istock
Estudo indica fatores que causam maior incidência de demência no Brasil

Fatores de risco

Segundo os estudiosos, quase metade (48,2%) de todos os casos de demência poderiam ser evitados, ou pelo menos retardados. Isso se fossem controladas 12 condições reconhecidas como fatores de risco para doenças como Alzheimer e para a deterioração cognitiva em geral. As condições seriam:

  1. Baixa escolaridade, principalmente em pessoas com menos de 8 anos de estudo;
  2. Perda auditiva;
  3. Hipertensão;
  4. Obesidade;
  5. Diabetes;
  6. Consumo excessivo de álcool;
  7. Lesões traumáticas no cérebro;
  8. Sedentarismo;
  9. Depressão;
  10. Tabagismo;
  11. Isolamento social;
  12. Incidência de poluição atmosférica.

Diante dos resultados, o principal fator de risco para declínio cognitivo no Brasil seria a baixa escolaridade, associada a 7,7% dos casos. Em seguida, vêm a hipertensão (7,6%) e a perda auditiva (6,8%). Juntos, os fatores estariam por trás de 22% dos casos da doença.

Entre indivíduos que se declararam brancos e aqueles que se declararam negros ou pardos, a ordem dos principais fatores de risco variou. Enquanto hipertensão, baixa escolaridade e perda auditiva apareceram nas três primeiras colocações para os brancos, para os negros e pardos a ordem foi menor escolaridade, seguida de hipertensão e perda auditiva.

Prevenção quando se trata de demência

A geriatra da USP, Claudia Kimie Suemoto, primeira autora do estudo, enfatiza que alguns fatores de risco são modificáveis.

“É claro que é impossível eliminar totalmente esses fatores de risco, mas fica a mensagem de que as políticas públicas de prevenção de demência devem ter 12 alvos claros e, em situações de poucos recursos, o foco deve ir para aqueles de maior importância”, ressalta a pesquisadora.

Outra mensagem importante, segundo a pesquisadora, é que os principais riscos estão presentes no começo da vida (baixa escolaridade) e na meia idade (hipertensão, perda auditiva e obesidade), mostrando que a prevenção deve começar cedo.