EUA identificam primeiros casos de supergonorreia; entenda

Autoridades de Massachusetts relataram dois casos de gonorreia que são resistentes a todos os antibióticos conhecidos usados ​​para tratamento

Autoridades de saúde pública de Massachusetts, nos EUA, identificaram dois primeiros casos de supergonorreia no país. Segundo os especialistas, a nova cepa da bactéria Neisseria gonorrhoeae parece apresentar maior resistência a todas as classes de antibióticos conhecidas para o tratamento.

Os casos, de acordo com os autoridades, servem para lembrar que essa infecção sexualmente transmissível comum está se tornando uma ameaça mais séria.

“A descoberta desta cepa de gonorreia é um sério problema de saúde pública que o Departamento de Saúde Pública (DPH) dos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças e outros departamentos de saúde têm estado atentos para detectar nos EUA”, disse a comissária de saúde pública Margret Cooke, em um comunicado.

EUA confirmam primeiros casos de supergonorreia resistente a medicamentos
Créditos: iLexx/istock
EUA confirmam primeiros casos de supergonorreia resistente a medicamentos

Embora a gonorreia já tenha sido facilmente tratada com uma simples pílula de penicilina ou outros antibióticos, a bactéria aprendeu a resistir a quase todas as drogas testadas.

Atualmente, apenas um ou dois antibióticos tomados ao mesmo tempo são considerados eficazes e são recomendados como tratamentos de primeira linha. Mas, nos últimos anos, os médicos viram casos de gonorreia em que ela começou a escapar até mesmo dessas drogas.

Até então, essas infecções amplamente resistentes haviam sido documentadas somente em partes da Europa e da Ásia.

Gonorreia resistente

Assim como o HIV e o HPV, a gonorreia é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), ou seja, uma doença que pode ser transmitida em relações sexuais, seja ela vaginal ou anal, ou sexo oral.

Essa infecção é uma das que mais tem crescido no Brasil e no mundo e vem se tornando cada vez mais resistente a antibióticos.

Taxas crescentes de resistência ao antibiótico azitromicina levaram os EUA a parar de recomendá-lo para gonorreia no final de 2020.

Agora, apenas o medicamento ceftriaxona – tomado como injeção – é considerado uma opção de linha de frente no país e em dose mais alta do que antes.

Felizmente, apesar da resposta reduzida à ceftriaxona, ambos os casos de supergonorreia identificados nos EUA foram resolvidos com sucesso depois que os pacientes tomaram essas doses mais altas.

Esses casos provavelmente são apenas um aviso do que está por vir. Uma análise dos casos de Massachusetts mostrou que não havia nenhuma conexão clara entre eles foi, indicando que essas cepas podem já estar circulando no país.

As autoridades de saúde agora estão alertando médicos e laboratórios de testes em Massachusetts para procurar e relatar casos semelhantes. Além disso, elas pedem para que pessoas sexualmente ativas sejam regularmente testadas para infecções sexualmente transmissíveis e considerem a redução do número de parceiros sexuais, além, é claro, do uso de preservativos.

Autoridades de saúde dos EUA alertam médicos e laboratórios para os casos de supergonorreia
Créditos: Md Saiful Islam Khan/istock
Autoridades de saúde dos EUA alertam médicos e laboratórios para os casos de supergonorreia

Sintomas de gonorreia

Muitas pessoas infectadas não apresentam a doença, mas os sintomas iniciais podem incluir uma secreção nos genitais, dor ou queimação ao urinar e sangramento retal.

Quando a gonorreia não é tratada, aumenta o risco de complicações mais graves, como danos ao trato reprodutivo em mulheres e testículos inchados em homens, os quais podem levar à infertilidade. E quando é transmitida de mãe para filho, a infecção pode ser fatal ou causar cegueira em recém-nascidos.