Como um hábito noturno com o celular está colocando a sua saúde em risco
Entenda por que, segundo especialistas, o uso excessivo do celular pode se tornar um grande vilão do descanso noturno

Por trás do gesto aparentemente inofensivo de checar o celular na cama pode estar um grande vilão do descanso noturno.
É o que mostra estudo publicado na revista Frontiers in Psychiatry, em que aponta uma ligação direta entre o uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir e o aumento expressivo nos casos de insônia.
A pesquisa, conduzida por cientistas da Noruega, Suécia e Austrália, acompanhou os hábitos de cerca de 40 mil jovens adultos, com idades entre 18 e 28 anos.
Os resultados chamam atenção: cada hora extra diante das telas na hora de dormir está associada a um salto de 59% no risco de insônia. Além disso, esse comportamento reduz, em média, 24 minutos do tempo total de sono — um corte que parece pequeno, mas que pode ter efeitos profundos a longo prazo.
Luz do “dia”
Especialistas alertam que esse impacto não é fruto apenas da quantidade de tempo online, mas da combinação entre luz e conteúdo. A médica Leticia Soster, neurofisiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que a luz azul emitida pelas telas interfere na liberação de melatonina, o hormônio que regula o ritmo do sono. “Nosso cérebro entende a luz como sinal de que ainda é dia. Isso atrasa o início do ciclo natural do sono”, afirma.
Mas não é só a luminosidade o problema. O conteúdo consumido — muitas vezes envolvente, agitado ou emocional — atua como um estimulante para o cérebro, dificultando o desligamento mental necessário para adormecer. “É como tentar dormir logo após correr uma maratona mental”, compara Soster.
Consequências do excesso
Os reflexos desse desequilíbrio não demoram a aparecer. Dificuldade de concentração, irritabilidade, lapsos de memória e queda no desempenho intelectual estão entre os primeiros sinais. “Esses prejuízos cotidianos são apenas a ponta do iceberg”, ressalta a pneumologista Luciane Impelliziere Luna de Mello, do Instituto do Sono da Unifesp. “Com o tempo, o sono ruim contribui para o desenvolvimento de ansiedade, depressão, ganho de peso e doenças metabólicas.”

A lista de danos potenciais se estende. A privação crônica do sono pode abrir caminho para enfermidades cardiovasculares, como hipertensão, infartos e AVCs.
Também está associada ao declínio cognitivo precoce, maior risco de demência e enfraquecimento do sistema imunológico — o que deixa o corpo mais vulnerável a infecções. Até a saúde óssea entra na equação: sono insuficiente pode acelerar processos como a osteoporose.
Mais importante do que contar horas de tela é observar o contexto do uso. “Mesmo poucos minutos com um conteúdo muito estimulante à noite já podem impactar negativamente o sono”, alerta Soster. Por isso, adotar estratégias de higiene do sono torna-se essencial.
Entre as recomendações: desligar aparelhos eletrônicos pelo menos duas horas antes de dormir, manter uma rotina regular de horários, evitar refeições pesadas e substâncias estimulantes no período noturno e preparar um ambiente escuro, silencioso e agradável para o descanso.
Para quem não consegue se afastar totalmente dos dispositivos, há funções nos celulares que reduzem a emissão de luz azul à noite. Mas, como ressaltam os especialistas, esse é apenas um paliativo. “A melhor tecnologia para dormir bem ainda é desligar”, conclui Mello.
Levar celular para o banheiro pode ajudar o surgimento de hemorroidas
O hábito de levar o celular para o banheiro pode ser mais perigoso do que parece. Segundo especialistas, essa prática, aparentemente inofensiva, pode contribuir para o desenvolvimento de hemorroidas, devido à permanência prolongada sentado no vaso sanitário. Em casos mais graves, pode até levar a um prolapso retal.