Hepatologista faz alerta sobre consumo exagerado de chocolate
Nem todo chocolate é vilão, mas o excesso em quem já tem fatores de risco pode desencadear ou agravar doenças no fígado
O consumo de chocolate aumenta consideravelmente na época da Páscoa. Mas essa tradição pode afetar a saúde do fígado.

A Dra. Patrícia Almeida, hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, chama atenção para um erro comum entre os amantes de chocolate: o excesso.
Riscos de exagerar no chocolate
Comer muito chocolate pode ser prejudicial, especialmente em pessoas que já apresentam sinais da chamada síndrome metabólica — que inclui obesidade abdominal, resistência à insulina, hipertensão e alterações nos níveis de colesterol.
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“Para esses indivíduos, o consumo excessivo de chocolates ricos em açúcar e gordura saturada pode contribuir para a progressão da MASLD, a Doença Hepática Gordurosa Associada à Disfunção Metabólica”, explica a Dra. Patrícia.
Segundo a especialista, essa condição anteriormente conhecida como esteatose hepática não alcoólica pode evoluir para quadros mais graves, como a MASH (esteato-hepatite), aumentando o risco de fibrose, cirrose e até câncer hepático.
“O problema não é o chocolate em si, mas sim a qualidade e, principalmente, a quantidade”, ressalta.
O grande vilão, segundo a médica, é o açúcar e a gordura saturada presente na maioria dos chocolates ao leite e bombons industrializados. “O açúcar em excesso estimula a lipogênese hepática, ou seja, a produção de gordura no fígado. Já a gordura saturada piora a resistência à insulina e favorece inflamações hepáticas”, explica.
O que fazer para evitar complicações?
Chocolates com alto teor de cacau (acima de 70%) contêm flavonoides, antioxidantes naturais que podem ter efeitos protetores quando consumidos com moderação. “Esses são os melhores aliados para quem quer saborear sem culpa.”
A recomendação é ainda mais cuidadosa para pessoas com doenças hepáticas avançadas, como hepatite, cirrose ou MASH. Essas devem evitar chocolates comuns.
“O fígado já está comprometido e pode ter dificuldade em metabolizar o excesso de açúcares e gorduras. Em alguns casos, pequenas porções de chocolate amargo podem ser permitidas, mas sempre com orientação médica”, afirma a Dra. Patricia.
A quantidade ideal varia: “para pessoas saudáveis, cerca de 20 a 30 gramas de chocolate amargo por dia pode ser uma escolha segura. Já indivíduos com fatores de risco metabólico devem restringir o consumo e, preferencialmente, buscar orientações personalizadas com um especialista.”
Dicas para aproveitar a Páscoa sem culpa
- Prefira chocolates com mais de 70% de cacau.
- Evite bombons recheados, ovos trufados e chocolates muito processados.
- Consuma pequenas porções e nunca em jejum.
- Prepare receitas caseiras com cacau puro, tâmaras e oleaginosas.
- Após a Páscoa, reequilibre a alimentação. Invista em fibras, vegetais crucíferos (como brócolis e couve), chá verde e cúrcuma, e mantenha-se hidratado.
- E claro, movimente-se! Atividade física ajuda o fígado a se recuperar dos excessos.
“O fígado tem grande capacidade de regeneração, mas isso depende diretamente dos hábitos que cultivamos todos os dias”, finaliza a especialista.