Hospital das Clínicas faz campanha para incentivar doação de órgãos

Médicos, enfermeiros e pacientes em fila de espera por órgãos irão esclarecer dúvidas da população e distribuir materiais educativos

25/09/2019 17:00 / Atualizado em 27/09/2019 12:02

Nesta sexta-feira, dia 27 de setembro, Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, o Hospital das Clínicas da FMUSP promoverá campanha para conscientizar e incentivar a população sobre a importância da doação de órgãos para salvar vidas.

No Brasil, o índice de recusa familiar na hora de doar os órgãos dos pacientes já falecidos chega a 43 %, segundo dados do RBT Registro Brasileiro de Transplantes, de 2018. Em São Paulo, o percentual é de 36%.

Em média, um doador pode salvar até cinco vidas
Em média, um doador pode salvar até cinco vidas - sturti/istock

Para ajudar a mudar este cenário, com aumento do número de doadores, médicos, residentes, enfermeiros e pacientes transplantados e em fila de transplantes irão esclarecer dúvidas da população e distribuir materiais educativos para maior disseminação da informação. Integrantes da  Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) também participarão das atividades.

A ação vai acontecer m frente ao Prédio dos Ambulatórios, do Instituto Central do Hospital das Clínicas, por onde circulam mais de 10 mil pessoas, a partir das 10h (Av. Enéas de Carvalho Aguiar, 255). Na estação Clínicas do Metrô também haverá orientação.

Fila de espera por órgãos

Em São Paulo, o tempo médio de espera para transplante hepático é de 8 a 10 meses, a depender da gravidade do paciente. “Em muitos casos, pacientes morrem a espera do órgão”, explica a médica Débora Terrabuio, hepatologista clínica do Grupo de Transplante de Fígado.

O Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP realiza transplantes de fígado, medula, rim, pâncreas, pele e córnea. Em 2018, foram 536 transplantes. De janeira a agosto de 2019, o instituto realizou mais 381.

Como se tornar doador de órgãos

Para ser doador de órgãos ou tecidos no Brasil, não é necessário deixar nenhum documento ou declaração por escrito, basta conversar com a família e deixar claro esse desejo.

Para ser um doador, é preciso conversar com a família sobre esse desejo
Para ser um doador, é preciso conversar com a família sobre esse desejo - isayildiz/istock

Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a vontade do doador, no entanto, segundo o Ministério da Saúde, na grande maioria dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar do parente falecido, esse desejo é respeitado. Por isso a informação e o diálogo são absolutamente fundamentais, essenciais e necessários.

A doação só acontece após a autorização documentada de um familiar. Quando a pessoa interessada não avisa, a família fica em dúvida e a doação tende a não acontecer.

Existem diversas associações que fornecem, gratuitamente, a carteirinha de doador e, embora elas não sejam mais válidas, podem influenciar na decisão dos familiares no momento da doação.

Doador em vida

Qualquer pessoa saudável pode ser doadora em vida de rim ou medula óssea e, ocasionalmente, de parte do fígado ou do pulmão, para um de seus familiares. Quem quiser doar para uma pessoa que não é da família deve pedir autorização judicial, exceto quando se trata de doação de medula óssea.

Doador após a morte

São pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). A retirada dos órgãos e tecidos é realizada no centro cirúrgico do hospital e segue a rotina de grandes cirurgias. A retirada de córneas pode ser realizada até seis horas depois de uma parada cardíaca.