Infância instável pode aumentar risco de depressão na fase adulta

Mudanças frequentes durante a infância são ligadas ao aumento do risco de depressão em adultos

11/10/2024 14:31

Qual a relação entre mudanças de casa na infância e o risco de depressão na vida adulta?
Qual a relação entre mudanças de casa na infância e o risco de depressão na vida adulta? - iStock/Pheelings Media

Uma pesquisa dinamarquesa revelou que crianças e adolescentes que mudam frequentemente de residência até os 15 anos têm 40% mais chances de desenvolver depressão na fase adulta. O estudo, publicado na revista Jama Psychiatry, acompanhou o histórico de quase 1,1 milhão de pessoas nascidas entre 1981 e 2001 na Dinamarca. Entre esses indivíduos, ao menos 35 mil receberam diagnóstico de depressão após atingirem a fase adulta.

Esses dados destacam que a frequência das mudanças é um fator determinante: crianças que mudam uma vez entre 10 e 15 anos têm 41% mais chances de serem diagnosticadas com depressão em comparação àquelas que permanecem em uma mesma localidade. Aqueles que mudam duas ou mais vezes durante esse período apresentam um risco 61% maior.

O impacto da instabilidade residencial na saúde mental

De acordo com os pesquisadores, a estabilidade em um ambiente doméstico é crucial para o desenvolvimento saudável das crianças. Clive Sabel, professor de Big Data e Ciência Espacial da Universidade de Plymouth, enfatizou que esta é a primeira evidência clara de que mudanças frequentes de bairro na infância contribuem para o surgimento de doenças mentais, como a depressão, na vida adulta.

Mudanças constantes exigem adaptações sociais que podem ser prejudiciais, especialmente para crianças que estão construindo suas redes de apoio e interação, como na escola ou em grupos esportivos. Essas dificuldades de adaptação são vistas como um dos fatores que aumentam o risco de depressão e outros problemas de saúde mental.

Outros riscos associados às mudanças frequentes

Além de aumentar as chances de depressão, a pesquisa também indicou que as crianças que mudam de residência frequentemente têm maior probabilidade de enfrentar problemas como criminalidade, abuso de substâncias e tentativas de suicídio. Sabel afirmou que esses resultados, embora focados em indivíduos dinamarqueses, podem ser aplicáveis a outras populações ao redor do mundo.

Os sinais de depressão incluem sentimentos persistentes de tristeza, irritabilidade, perda de interesse em atividades, mudanças no sono e apetite, e cansaço extremo. Caso identifique esses sintomas, é essencial buscar ajuda profissional para avaliação e tratamento adequados.