Ligação para prevenção de suicídio passa a ser gratuita no país
Atendimento é feito 24 horas por dia a partir de telefone fixo ou celular
Desde 1º de julho as ligações para o Centro de Valorização da Vida (CVV), que auxilia na prevenção de suicídio, passaram a ser gratuitas em todo o território nacional. O atendimento é feito pelo número 188 a partir de telefone fixo ou celular.
A gratuidade do serviço vem em meio a dados preocupantes. Por ano, cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida no país, de acordo com o primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio divulgado no final do ano passado. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2011 e 2015, o número de casos cresceu 12% e essa já é a quarta maior causa de morte de brasileiros entre 15 e 29 anos.
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Proporcionalmente, no entanto, o problema atinge mais os idosos. A taxa entre pessoas com mais de 70 anos chega a 8,9 a cada 100 mil habitantes. Entre jovens de 20 a 29 anos, é de 6,8 casos a cada 100 mil habitantes.
Boa parte dessas mortes poderia ser evitada com ajuda. A psiquiatra Alexandrina Meleiro, do Instituto de Psiquiatria da USP, já atendeu diversas pessoas que desistiram de abreviar a própria vida depois de ligar para o 188. “A pessoa que está planejando pode repensar depois de ligar. Então, nessa hora a participação do CVV fazendo uma escuta sem julgamento, sem avaliação, sem crítica, tem tido um benefício enorme”, afirma.
Meleiro é uma das parceiras do CVV que contribui com o serviço há mais de 40 anos, dando instruções e treinamentos aos voluntários. “É um trabalho bastante sério, com bastante responsabilidade. Não se sabe o final que teve aquela pessoa que ligou para o CVV porque elas não se identificam. Mas o que sabemos é que, na maioria das vezes, enquanto ela conversa com alguém que lhe dá ouvidos e atenção, ela alivia a angústia maior e isso a faz desistir da ideia daquela coisa imediata”, conta.
Até 2016, o CVV recebia uma média de um milhão de atendimentos. Em 2017, esse número dobrou. Além do atendimento telefônico, os voluntários também conversam por meio de chat no site www.cvv.org.br e também pessoalmente nos 89 postos de atendimento (consulte aqui).
Sinais de alerta
De acordo com a psiquiatra Alexadrina Meleiro, na maioria das vezes, as pessoas dão alguns sinais, mas que nem sempre são captados pelos familiares e amigos. “Os idosos costumam arrumar documentação para que a família não tenha trabalho depois que ele for embora. Já os jovens costumam ficar irritados, retraídos, se afastar dos amigos, ir mal na escola. Tudo a gente tem que ver como um sinal de que algo não vai bem”, explica.
Para ela, a preocupação, no entanto, não deve ser somente com os jovens e idosos, mas também com pessoas na esfera de trabalho, principalmente nesse cenário de desemprego, povo indígena, pessoas LGBT e adolescentes em gestação precoce. “São populações também em risco, principalmente quando a família não dá a atenção que ela precisa”, afirma Meleiro.