Médicos alertam sobre uso de medicamento para leptospirose no RS
Saiba quais os grupos de pessoas devem recorrer ao tratamento profilático contra a doença
Em meio às enchentes no Rio Grande do Sul, o medo de contaminação por leptospirose aumenta, assim como a busca por medicamento para tratamento preventivo. Mas a profilaxia não deve ser generalizada nas cidades afetadas.
Em nota nesta semana, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou um alerta sobre quais são os casos têm indicação para o uso de antibióticos para prevenir a doença.
De acordo com a SBI, os perfis para os quais esta medida profilática é indicada são:
- Equipes de socorristas de resgate;
- Voluntários com exposição prolongada à água da enchente;
- Pessoas que passaram por submersão (cabeça embaixo d’água e quase afogamento);
- Pessoas que tiveram ingestão de água potencialmente contaminada;
- Pessoas que apresentam lesões ou lacerações, como pequenos cortes, pelo corpo e se expuseram à enchente.
O documento ainda aponta que nas áreas inundadas existem também outros riscos de infecção, por isso, a recomendação é utilizar botas, luvas de borracha e calças para se proteger.
Em nota, o Ministério da Saúde, declarou que a profilaxia com antibióticos deve ser receitada para pessoas com febre e dores musculares que tiveram contato com água ou lama da inundação no período de até 30 dias anteriores ao início dos sintomas.
Além disso, também deve-se considerar o uso nos casos de atuação em resgate.
Como o tratamento para leptospirose funciona?
Geralmente, os medicamentos para a leptospirose envolve antibióticos, como a doxiciclina, para prevenir a infecção em pessoas que estiveram em contato com água contaminada.
Embora os antibióticos possam ser eficazes na redução do risco de desenvolver leptospirose após exposição à bactéria Leptospira spp., eles não garantem uma proteção completa.
Mesmo com o tratamento antibiótico, existe ainda um risco pequeno de contaminação, especialmente se houve uma exposição significativa à água contaminada.
O que é a leptospirose?
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira spp., que é comumente encontrada em ambientes aquáticos e solos úmidos.
Essa patologia pode afetar humanos e animais. A transmissão se dá principalmente através do contato direto com água ou solo contaminados pela urina de animais infectados, especialmente roedores.
A infecção pode variar desde casos assintomáticos até formas graves com complicações como insuficiência renal e hepática.
Devido à sua prevalência em áreas com más condições de saneamento e após eventos naturais como inundações, a leptospirose é uma preocupação de saúde pública em muitas regiões do mundo.
Como acontece a transmissão de leptospirose?
A transmissão ocorre a partir da exposição direta ou indireta a urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira.
Essa bactéria pode penetrar através da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas.
Comer ou beber alimentos ou água contaminados também representam risco.
Quais são as fases da leptospirose e seus sintomas?
Sintomas da fase precoce de leptospirose:
- Febre
- Dor de cabeça
- Dor muscular, principalmente nas panturrilhas
- Falta de apetite
- Náuseas/vômitos
- diarreia
- dor nas articulações
- vermelhidão ou hemorragia conjuntival
- fotofobia
- dor ocular
- tosse
Sintomas na fase tardia de leptospirose:
- Síndrome de Weil – tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias
- Síndrome de hemorragia pulmonar – lesão pulmonar aguda e sangramento maciço
- Comprometimento pulmonar – tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica
- Síndrome da angustia respiratória aguda – SARA
- Manifestações hemorrágicas – pulmonar, pele, mucosas, órgãos e sistema nervoso central