Estudo americano revela qual é a melhor tábua de corte para a sua cozinha

Estudo realizado nos EUA levou em conta a sobrevivência de microrganismos em diferentes superfícies após a lavagem

Por André Nicolau em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
06/06/2025 05:31 / Atualizado em 24/06/2025 22:34

Independentemente da escolha, a regra número um é a higienização frequente – iStock/PeopleImages
Independentemente da escolha, a regra número um é a higienização frequente – iStock/PeopleImages - Getty Images

A tábua de corte é um utensílio indispensável na cozinha de qualquer lar. Usada diariamente para preparar carnes, legumes, frutas e pães, ela entra em contato direto com alimentos crus e prontos para consumo, o que levanta uma questão crucial: qual tipo de tábua é mais higiênico e seguro para a saúde?

Um estudo publicado no Journal of Food Protection (2021) pela Universidade do Estado do Kansas, nos Estados Unidos, reacendeu o debate sobre o tipo ideal de material para tábuas de corte ao analisar a sobrevivência de microrganismos em diferentes superfícies após a lavagem.

Os pesquisadores testaram tábuas de madeira, plástico e vidro contaminadas com Salmonella para entender como os diferentes tipos de material influenciam diretamente na possibilidade de contaminação cruzada.

Madeira: natural, mas porosa

As tábuas de madeira têm forte apelo estético e são preferidas por muitos chefs devido à sua maciez, que preserva o fio das facas. Além disso, por serem mais pesadas, costumam ser mais estáveis sobre a bancada. No entanto, a pesquisa constatou que as tábuas de madeira absorvem com mais facilidade os líquidos e microrganismos dos alimentos devido à sua porosidade.

Ainda que a madeira possua propriedades antibacterianas naturais em algumas espécies, como o bambu e o carvalho, a dificuldade de higienização adequada torna sua recomendação controversa. Não à toa, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe o uso de utensílios de madeira em cozinhas industriais e comerciais.

“Mesmo após a lavagem, restos de carne crua podem penetrar nas fibras da madeira e permanecer lá, criando um ambiente ideal para bactérias”, afirma o microbiologista Paul Dawson, coautor do estudo.

Plástico: prático, mas exige atenção

As tábuas de plástico surgem como uma alternativa prática e acessível. São leves, podem ser encontradas em diferentes cores (ideal para separar por tipo de alimento) e podem ir à máquina de lavar louça. Contudo, o mesmo estudo apontou que, após alguns meses de uso, as ranhuras deixadas pelas facas podem se tornar esconderijos para bactérias, especialmente se a tábua não for trocada com regularidade.

A boa notícia é que o plástico é fácil de desinfetar. Uma limpeza com detergente seguida da aplicação de uma solução de vinagre ou hipoclorito já é suficiente para eliminar a maioria dos patógenos.

Vidro: o campeão da higiene, mas inimigo das facas

Entre os materiais testados, o vidro se destacou como o mais higiênico. Por não apresentar porosidade nem ranhuras, impede o acúmulo de bactérias e é facilmente esterilizável com água quente ou produtos desinfetantes. Outro ponto positivo é que não absorve odores nem pigmentos — ideal para quem corta alimentos com cheiro forte como alho ou cebola.

Porém, essa vantagem vem acompanhada de um ponto negativo relevante: o vidro é extremamente duro e pode danificar o fio das facas rapidamente. Além disso, é escorregadio, o que aumenta o risco de acidentes.

Se a sua prioridade é a segurança microbiológica, o vidro é a melhor escolha. Mas é importante considerar o uso de facas menos afiadas ou ventosas antideslizantes”, aconselha Dawson.

veredicto: não existe tábua perfeita, mas sim a ideal para cada perfil

Por isso é seguro afirmar que a escolha da melhor tábua de corte depende do perfil de uso e das prioridades de cada cozinheiro.

Escolher  tábuas separadas para carnes cruas, vegetais e alimentos prontos é uma prática recomendada pela OMS – iStock/sutichak
Escolher  tábuas separadas para carnes cruas, vegetais e alimentos prontos é uma prática recomendada pela OMS – iStock/sutichak - Getty Images

Ou seja, quem preza por higiene máxima pode optar pelo vidro, com cuidado redobrado no manuseio. Já quem busca preservar suas facas e prefere uma pegada mais artesanal pode considerar a madeira — desde que aceite o desafio da higienização.

O plástico, por sua vez, equilibra custo-benefício, praticidade e segurança, principalmente se for trocado periodicamente.

Higiene em primeiro lugar

Independentemente da escolha, a regra número um é a higienização frequente. Ter tábuas separadas para carnes cruas, vegetais e alimentos prontos é uma prática recomendada por órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e ajuda a prevenir a contaminação cruzada — uma das principais causas de surtos alimentares domésticos.

Se você busca o melhor dos dois mundos, considere usar tábuas compostas por camadas antibacterianas ou de polietileno de alta densidade, já disponíveis no mercado. Elas combinam resistência e facilidade de limpeza, sendo muito usadas em cozinhas profissionais.


Lavar frango cru pode trazer riscos à saúde: entenda os motivos

Ao contrário do que se imagina, o hábito de lavar o frango antes de cozinhá-lo pode trazer riscos à saúde.Isso porque, de acordo com especialistas, durante a lavagem, as bactérias não vão somente para o ralo e podem se espalhar ao redor da pia, contaminando eventualmente outros alimentos e utensílios de cozinha.

A descoberta foi divulgada pelo Centro de Controle de Doenças dos EUA, que por meio de um estudo concluiu 90% das donas de casa nos Estados Unidos costumam lavar o frango antes de cozinhá-lo.