Nova pesquisa revela que canudos de papel podem trazer riscos à saúde

Estudo analisou 39 marcas e constatou em 69% delas os conhecidos "produtos químicos eternos"

Pesquisa com canudos de papel
Créditos: iStock/hxyume
Pesquisa com canudos de papel

Um recente estudo conduzido por pesquisadores europeus sugere que os canudos de papel, considerados uma alternativa sustentável ao plástico, podem representar riscos à saúde.

Segundo a pesquisa, eles podem conter compostos químicos associados a várias doenças, incluindo tipos específicos de câncer.

O estudo foi realizado pela Universidade de Antuérpia, na Bélgica, e se concentrou em 39 diferentes marcas de canudos “eco-friendly”. O método de confecção desses canudos variava entre papéis, bambu, vidro, aço inoxidável e plástico.

Associação dos canudos às doenças

A equipe de pesquisa obteve as amostras de lojas, supermercados e restaurantes de fast-food. Estas amostras foram então submetidas a duas rodadas de testes, visando identificar a presença de PFAS (família de substâncias perfluoroalquiladas).

Os PFAS, também conhecidos como “produtos químicos eternos”, se tratam de compostos químicos utilizados pelas empresas para tornar os produtos antiaderentes, impermeáveis e resistentes. A substância é usada em diversos produtos, como em roupas impermeáveis, ceras para o piso, panelas antiaderentes, fio dental, entre outros.

Os resultados, publicados recentemente na revista científica Food Additives and Contaminants, revelaram que 27 das 39 marcas (ou seja, 69% do total) continham PFAS, com 18 diferentes tipos identificados.

A PFAS mais frequentemente encontrada no estudo foi o PFOA (ácido perfluoroctanoico), uma substância que vem sendo banida globalmente desde 2020.

De acordo com as autoridades sanitárias e ambientais dos Estados Unidos e da Europa, a exposição ao PFOA pode estar associada a uma série de doenças, incluindo doenças cardíacas (como infarto e acidente vascular cerebral), câncer (principalmente de fígado, rins, testículo e tireoide), problemas de desenvolvimento (como déficits de aprendizagem e desequilíbrios hormonais) e problemas reprodutivos (incluindo problemas de fertilidade, abortos espontâneos e parto prematuro).

“Canudos feitos de materiais à base de plantas, como papel e bambu, frequentemente são anunciados como sendo mais sustentáveis e ecologicamente corretos do que aqueles feitos de plástico. […] No entanto, a presença de PFAS nesses canudos significa que isso nem sempre é verdade”, comenta o cientista ambiental Thimo Groffen, que participou do estudo.

Conclusão dos pesquisadores

Embora as concentrações de PFAS encontradas nos canudos sejam relativamente baixas, e a maioria das pessoas utilize esses produtos de forma esporádica, a longo prazo, poderia haver algum risco.

“Pequenas quantidades de PFAS, embora não sejam prejudiciais por si só, podem somar-se à carga química já presente no corpo”, alerta Groffen.

Além disso, uma preocupação ambiental levantada diz respeito ao descarte desses canudos, que podem poluir as águas subterrâneas e potáveis.

O estudo destaca a importância de uma avaliação cuidadosa de todas as opções sustentáveis, garantindo que não estejamos trocando um problema por outro. Enquanto isso, como consumidores, devemos permanecer informados e fazer escolhas conscientes para a nossa saúde e para a do planeta.