Nova vacina oferece esperança de acabar com o vício em cocaína

A vacina foi desenvolvida para ajudar a produzir anticorpos anticocaína no corpo de uma pessoa quimicamente dependente da substância

28/10/2023 15:00

Cientistas brasileiros anunciaram o desenvolvimento de uma vacina inovadora para tratar a dependência da cocaína e o crack.

Apelidado de “Calixcoca”, o tratamento, que mostrou resultados promissores em testes em animais, desencadeia uma resposta imunológica que impede que a cocaína e o crack cheguem ao cérebro.

Em termos simples, a vacina funcionaria evitando que os viciados ficassem alterados com a droga.

Os pesquisadores envolvidos no projeto esperam que isso ajude os usuários a quebrar o ciclo do vício.

Nova vacina contra o vício em cocaína é brasileira
Nova vacina contra o vício em cocaína é brasileira - BitsAndSplits/istock

Se o tratamento obtiver aprovação regulatória, será a primeira vez que a dependência de cocaína será tratada com vacina.

Como a vacina funciona?

A vacina funciona estimulando o sistema imunológico dos pacientes a produzir anticorpos que se ligam às moléculas de cocaína na corrente sanguínea, tornando-as grandes demais para passarem para o sistema mesolímbico do cérebro, ou “centro de recompensa”, onde a droga normalmente estimula altos níveis de indução de prazer.

Os Estados Unidos,que é o maior consumidor mundial de cocaína, fizeram estudos semelhantes.

Mas os pesquisadores tiveram que parar estes esforços ​​quando os ensaios clínicos não demonstraram resultados suficientes.

Até agora, a Calixcoca provou ser eficaz em testes em animais, produzindo níveis significativos de anticorpos contra a cocaína e poucos efeitos colaterais.

Os pesquisadores também descobriram que ela protegia os fetos de ratos contra a cocaína, sugerindo que ela poderia ser uma opção para proteger os fetos de grávidas viciadas.

A vacina está agora pronta para entrar na fase final de testes, agora em humanos.

Produção mais viável

A vacina é feita com compostos químicos desenvolvidos em laboratório, em vez de ingredientes biológicos, o que significa que seria mais barata de produzir do que muitas vacinas.

Além disso, não exige armazenamento em temperaturas frias.

Ainda assim os pesquisadores dizem que ela não será uma “panaceia” que servirá para qualquer pessoa.

O grupo-alvo exato dependerá do resultado dos ensaios clínicos, mas teoricamente se destina a ser dependentes em recuperação que estão desligados da cocaína e querem continuar assim.