Novo estudo relaciona consumo excessivo de álcool e Alzheimer
Perturbações celulares semelhantes encontradas nos cérebros de pessoas que abusam do álcool também podem ser observadas em pessoas com a doença
O consumo excessivo de álcool pode estar diretamente relacionado ao aumento do risco de desenvolver a doença de Alzheimer, de acordo com um estudo recente publicado na revista eNeuro. A pesquisa identificou padrões genéticos semelhantes entre pessoas com transtorno do uso de álcool e aquelas diagnosticadas com Alzheimer, sugerindo que o abuso de bebida pode acelerar o declínio cognitivo.
Embora o envelhecimento e a genética sejam fatores de risco estabelecidos para o Alzheimer, fatores de estilo de vida, como inatividade física, dieta pouco saudável, tabagismo, depressão e lesão cerebral traumática, são todos considerados como tendo um papel no início da doença da doença, de acordo com o National Institute on Aging.
E até 40% de todos os casos de demência estão associados a riscos comportamentais e ambientais, de acordo com um relatório no The Lancet. Agora, este estudo recente se soma a um crescente corpo de pesquisas que mostram que o uso excessivo de álcool promove a progressão da doença de Alzheimer.
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Detalhes da investigação
O estudo analisou dados do Atlas de Células Cerebrais da Doença de Alzheimer de Seattle (SEA-AD), investigando expressões genéticas de 85 indivíduos em diferentes estágios da doença de Alzheimer. Os pesquisadores compararam essas informações com um banco de dados de indivíduos com transtorno do uso de álcool, identificando uma sobreposição significativa nas alterações genéticas e celulares entre ambas as condições.

Uma das descobertas mais relevantes foi a detecção de maior atividade de certos genes em um tipo de célula cerebral chamada neurônios inibitórios (GABAérgicos) em pessoas que abusavam do álcool e pessoas com Alzheimer intermediário a avançado.
Essa desregulação pode levar ao estresse celular e à morte neuronal, fatores determinantes para a perda de memória e comprometimento cognitivo.
Danos ao cérebro em nível molecular
Os cientistas também encontraram alterações em vias inflamatórias, especialmente na microglia, as células imunológicas do cérebro. Houve um aumento na atividade da resposta imunológica e sinais de estresse tanto em indivíduos com transtorno do uso de álcool quanto naqueles com Alzheimer avançado. Além disso, a pesquisa revelou enfraquecimento significativo da estabilidade das sinapses cerebrais, afetando estruturas essenciais como mitocôndrias e membranas celulares.
Os resultados do estudo reforçam a importância de considerar o transtorno do uso de álcool como um fator de risco relevante para o desenvolvimento de Alzheimer. Especialistas alertam que a doença pode começar a se desenvolver décadas antes dos primeiros sintomas, tornando essencial a adoção de hábitos saudáveis o quanto antes.
Para aqueles que consomem álcool regularmente, diminuir ou eliminar a bebida pode ser um passo importante para preservar a saúde cerebral.