Novo medicamento protege o cérebro e pode ser esperança contra o Alzheimer

Medicamento atua por um mecanismo completamente novo

31/05/2025 13:30

Uma nova pesquisa traz esperança no combate ao Alzheimer, uma das doenças neurodegenerativas mais desafiadoras da atualidade. Cientistas da Case Western Reserve University, nos Estados Unidos, desenvolveram um medicamento experimental capaz de proteger a barreira hematoencefálica e preservar as funções cognitivas, mesmo após lesões no cérebro.

O estudo, publicado na revista científica PNAS, testou o composto chamado SW033291 em camundongos. O medicamento atua inibindo a enzima 15-PGDH, que está diretamente ligada a processos inflamatórios no cérebro. Os resultados mostram que, ao bloquear essa enzima, é possível evitar a degeneração do tecido cerebral e manter a cognição preservada.

O que é o Alzheimer e como o novo remédio pode ajudar

O Alzheimer é uma doença progressiva que compromete a memória, o raciocínio e outras funções cognitivas. É o tipo mais comum de demência em idosos, representando mais da metade dos casos registrados no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.

Os primeiros sinais costumam ser sutis, como a perda de memória recente. Com o avanço da doença, surgem sintomas mais severos, como confusão mental, dificuldade para se comunicar, mudanças de comportamento e desorientação no tempo e no espaço.

O medicamento atua inibindo a enzima 15-PGDH, que está diretamente ligada a processos inflamatórios no cérebro
O medicamento atua inibindo a enzima 15-PGDH, que está diretamente ligada a processos inflamatórios no cérebro - Liuhsihsiang/istock

A maioria dos tratamentos atuais foca na remoção da proteína beta-amiloide, associada à formação de placas no cérebro. No entanto, essas abordagens têm mostrado resultados limitados na prática clínica. O novo medicamento se destaca justamente por seguir um caminho diferente, focando na proteção da barreira hematoencefálica.

Entenda o papel da barreira hematoencefálica

A barreira hematoencefálica funciona como um filtro que protege o cérebro contra agentes externos, como toxinas, vírus e bactérias. Quando essa barreira se rompe, seja por traumas, envelhecimento ou doenças neurodegenerativas, o cérebro fica mais vulnerável a danos.

Os pesquisadores identificaram que a enzima 15-PGDH, produzida pelas células do sistema imunológico, está presente em níveis elevados em situações de envelhecimento, Alzheimer e lesões cerebrais. O excesso dessa enzima compromete a integridade da barreira, favorecendo processos inflamatórios e acelerando a neurodegeneração.

Medicamento experimental capaz de proteger a barreira hematoencefálica e preservar as funções cognitivas
Medicamento experimental capaz de proteger a barreira hematoencefálica e preservar as funções cognitivas - nopparit/istock

Resultados promissores no combate à neurodegeneração

No experimento, os camundongos tratados com o composto SW033291 não apresentaram os danos cognitivos típicos após lesões cerebrais. As funções de memória e raciocínio foram preservadas, mesmo sem alteração nos níveis da proteína beta-amiloide.

Isso demonstra que o medicamento atua por um mecanismo completamente novo, oferecendo uma abordagem promissora para tratar o Alzheimer e, possivelmente, outras doenças neurodegenerativas.

Próximos passos da pesquisa

Embora os resultados em animais sejam altamente promissores, os cientistas ressaltam que mais estudos são necessários antes de avançar para testes em humanos. Ainda assim, a descoberta abre caminho para o desenvolvimento de terapias mais eficazes, com menos efeitos colaterais e focadas na proteção da saúde cerebral.

A pesquisa representa um avanço significativo na busca por tratamentos que não apenas tratem os sintomas, mas também protejam o cérebro contra os danos que levam à demência.