Novo medicamento reduz colesterol ruim em até 30% e pode revolucionar tratamento cardiovascular

Tratamento foi capaz de reduzir em até 30% nos níveis de LDL, mesmo em pacientes que já fazem uso de estatinas em doses máximas

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
12/05/2025 15:29 / Atualizado em 25/05/2025 17:19

Imagine um remédio que, com apenas um comprimido por dia, consiga reduzir drasticamente o colesterol ruim (LDL) — aquele que entope as artérias e aumenta o risco de infarto e AVC. Um novo estudo científico publicado no New England Journal of Medicine revela resultados promissores com o obicetrapibe, um medicamento inovador que pode transformar o tratamento da dislipidemia e da prevenção cardiovascular.

Ainda pouco conhecido, o obicetrapibe é um inibidor da proteína de transferência de éster de colesterol (CETP) que mostrou redução de até 30% nos níveis de LDL, mesmo em pacientes que já fazem uso de estatinas em doses máximas.

Além disso, o medicamento também promove melhora significativa no colesterol HDL, o chamado “colesterol bom”, ampliando os benefícios para a saúde cardiovascular.

O que é o obicetrapibe?

O obicetrapibe pertence a uma classe de medicamentos conhecida como inibidores da CETP, cujo objetivo é modular o perfil lipídico no sangue, ou seja, equilibrar os níveis de gorduras circulantes. Tentativas anteriores com outros fármacos dessa classe, como torcetrapibe e dalcetrapibe, fracassaram por falta de eficácia ou efeitos colaterais graves.

Medicamento é capaz de reduzir em até 30% nos níveis de LDL, mesmo em pacientes que já fazem uso de estatinas em doses máximas
Medicamento é capaz de reduzir em até 30% nos níveis de LDL, mesmo em pacientes que já fazem uso de estatinas em doses máximas - iStock/Gilnature

O obicetrapibe, porém, foi desenvolvido com um design mais seguro e tem apresentado bons resultados tanto na eficácia quanto na segurança.

Detalhes sobre o estudo 

O estudo envolveu 2.530 pacientes de alto risco cardiovascular na China, Europa, Japão e Estados Unidos, todos com doença aterosclerótica ou hipercolesterolemia familiar. Eles foram tratados com 10 mg diários de obicetrapibe ou placebo durante 365 dias. O medicamento foi administrado junto às terapias convencionais, como estatinas e ezetimiba

Os resultados foram surpreendentes: em apenas 84 dias, o grupo tratado com obicetrapibe teve uma redução média de 29,9% no colesterol LDL, enquanto o grupo placebo apresentou um leve aumento de 2,7%.

Metade dos participantes atingiu níveis de LDL abaixo de 55 mg/dL, uma meta considerada ideal para quem tem alto risco de infarto ou AVC.

O medicamento tem apresentado bons resultados tanto na eficácia quanto na segurança
O medicamento tem apresentado bons resultados tanto na eficácia quanto na segurança - iStock/images4

Perfil de segurança semelhante ao placebo

Eventos adversos foram semelhantes entre os grupos: 59,7% no grupo obicetrapib e 60,8% no placebo. Eventos graves foram raros e não houve diferença significativa em casos de alterações hepáticas, musculares, renais ou desenvolvimento de diabetes.

As taxas de eventos cardiovasculares, como infarto ou AVC, foram próximas (4,2% no grupo tratado e 5,2% no placebo), sugerindo bom perfil de segurança.

Obicetrapib pode ser uma nova esperança para milhões

O estudo reforça que o obicetrapib é uma promissora opção terapêutica para pacientes com alto risco cardiovascular, especialmente aqueles que não alcançam as metas de LDL apenas com estatinas. A combinação com terapias existentes pode otimizar o controle lipídico e reduzir o risco de eventos graves, com baixa incidência de efeitos colaterais.

Com base nos resultados, o obicetrapib se posiciona como um potencial marco no tratamento da dislipidemia, oferecendo uma nova estratégia segura e eficaz na luta contra doenças cardiovasculares — uma das principais causas de morte no mundo.