O impacto das redes sociais na saúde mental e o que é possível fazer

A influência das redes sociais nas nossas vidas pode ser pior do que imaginamos; veja como diminuir esses efeitos com uma estratégia simples

As redes sociais exercem cada vez mais influência em nossas vidas. Pesquisas apontam que 70% dos brasileiros tiveram algum tipo de acesso à internet em 2018. A tendência é que neste ano esses números sejam ainda maiores.

Dados da Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic) mostram que o meio mais utilizado para acessar a internet é o telefone celular. Com ele na palma das mãos, podemos nos conectar ao mundo em qualquer momento. E as redes sociais constituem o carro-chefe dessa conectividade.

O impacto negativo da hiperconectividade se manifesta de várias formas
O impacto negativo da hiperconectividade se manifesta de várias formas - tolgart/istock

Segundo a empresa britânica GlobalWebIndex, que estuda o tempo que usuários passam em redes sociais em todo o mundo, o Brasil é o segundo país que mais fica conectado em redes sociais. Em média, passamos 3 horas e 25 minutos por dia nas redes, atrás apenas dos filipinos, com um pouco mais de 4 horas. Supondo um tempo médio de sono de oito horas diárias, isso significa que usamos 20% do nosso dia conectado em redes sociais.

Mais conectividade, menos felicidade

Muitos estudos relacionam o tempo de uso da internet com questões de saúde mental. Depressão, transtornos alimentares e suicídio parecem estar ligados à vida online, notadamente ao uso de redes sociais. A busca por uma alimentação mais saudável, dicas sobre como esculpir o corpo e o desejo de ostentar uma vida perfeita são a razão pela qual usuários permanecem cada vez mais conectados e, ao mesmo tempo, o motivo pelo qual questões de saúde mental afloram.

Mas se o uso excessivo da internet e das redes sociais traz menos felicidade e maiores chances de adoecimento, por que continuamos a utilizá-la dessa forma?

De um lado, é impossível pensar na vida moderna desconectado. Além do Instagram ou do Facebook, o uso de aplicativos tornou-se essencial para todos nós – de podcasts ao WhatsApp, de deliveries de comida a serviços bancários. Do outro, tendo em vista os efeitos catastróficos em termos de saúde mental que estão associados à internet, gostaria de propor neste espaço uma estratégia para diminuir esses efeitos, com foco na forma pela qual usamos as redes sociais. Trata-se do unfollow positivo.

Deixar de seguir perfis que te fazem mal é uma estratégia positiva
Deixar de seguir perfis que te fazem mal é uma estratégia positiva - themotioncloud/istock

O unfollow positivo consiste em ter uma postura ativa nas redes sociais contra tudo aquilo que nos causa mal. Ou seja, fazer “uma limpa” em todos os perfis tóxicos, deixando de segui-los.

Pensando especificamente nos transtornos alimentares, que venho abordando extensivamente neste espaço, a prática do unfollow positivo incluiria o ato de deixar de seguir, por exemplo, perfis de blogueiras que ostentam corpos esculturais baseados na máxima de que querer é poder; lojinhas de chás milagrosos supostamente capazes de desinchar e transformar corpos; ex-reality shows que acham que assunto de saúde seria balela e que vendem microbiotas que não existem; influenciadoras que ganham dinheiro para fingir que usam suplemento alimentar da marca X para ter barriga chapada, mas que não confessam fazer procedimento estético. E por aí vai.

No fundo, portanto, percebe-se que um dos grandes problemas das redes é que não temos controle sobre a veracidade das informações postadas. E isso não inclui apenas os chás e suplementos que te desapontarão por não trazerem os resultados que influenciadoras dizem que trariam, mas todo um conjunto de perfis que expressam uma felicidade e glamour permanentes que, no fundo, todos nós sabemos que são irreais.

Para piorar, essa pseudo felicidade de muitas blogueiras e influenciadoras comumente vem acompanhada de truques que a tornam ainda mais fake. Dá para saber se a foto do almoço em um restaurante chique foi feita na hora do post, ou se ela foi tirada meses atrás e por uma pessoa diferente? Se a bela blogueira acordou mesmo com a pele impecável, cabelo sedoso e cílios enormes, ou se usa filtro para a foto? Se o céu azul da casa de praia do ator é mesmo tão azul ou se o contraste da imagem foi alterado e nuvens removidas com aplicativos de edição de imagens? Perfis que exteriorizam felicidade e glamour permanentes tendem também a ser tóxicos e, portanto, deveriam entrar na nossa lista do unfollow positivo.

Com essa faxina nas redes, com certeza sua vida se tornará mais leve e saudável. Os gatilhos para a insatisfações diminuirão e a disponibilidade para novas conexões com o mundo real e pessoas reais será ampliado. Pense em um Ano Novo melhor com uma nova prática nas redes sociais. A mudança está à distância de um clique e só depende de você!

Texto escrito pela nutricionista Marcela Kotait.