O que se sabe sobre o novo vírus que infectou 35 pessoas na China
País monitora a situação, enquanto tenta entender se o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa
Pesquisadores chineses acabaram de identificar um novo vírus denominado Langya henipavirus (LayV). O patógeno teria causado pelo menos 35 casos de infecção no país, de acordo com a mídia estatal. O Ministério da Saúde da China está agora monitorando a disseminação.
De acordo com os cientistas, o vírus foi encontrado nas províncias chinesas de Shandong e Henan e provavelmente foi transmitido de animais para humanos. Veja alguns pontos do que já se sabe sobre o LayV:
O que o vírus causa?
De acordo com o estudo publicado na revista científica New England Journal of Medicine (NEJM) na semana passada, a infecção pelo vírus causou na maioria dos infectados sintomas como febre, fadiga, tosse, perda de apetite, dores musculares e vômitos.
Alguns também tiveram uma diminuição nos glóbulos brancos, baixa contagem de plaquetas, insuficiência hepática e insuficiência renal, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) de Taiwan.
Qual a gravidade?
O LayV vem da mesma família de vírus do Nipah, que é conhecido por matar até três quartos dos humanos em caso de infecção grave. No entanto, nenhum dos novos casos até agora resultou em óbito, e a maioria dos pacientes apresentou quadro leve.
De onde surgiu?
O vírus foi detectado pela primeira vez nas províncias do nordeste de Shandong e Henan no final de 2018, mas só foi formalmente identificado por cientistas na semana passada.
Na pesquisa liderada pelo Instituto de Microbiologia e Epidemiologia de Pequim, os pesquisadores afirmaram que nenhuma infecção do vírus Langya foi encontrada durante o primeiro ano de pandemia entre janeiro e julho de 2020. No entanto, mais 11 casos de vírus Langya foram encontrados a partir de julho de 2020.
Os resultados dos testes de 25 espécies de animais selvagens sugerem que o musaranho (um pequeno mamífero parecido com um camundongo) pode ser um reservatório natural do henipavírus Langya, já que o vírus foi encontrado em 27% desses animais, segundo o CDC.
O vírus também foi encontrado em 2% das cabras testadas e em 5% dos cães testados.
Há transmissão de pessoa para pessoa?
O estudo aponta que a transmissão de humano para humano ainda não foi relatada, porém, os autores destacam que o tamanho da amostra da investigação é muito pequeno para determinar se esse tipo de transmissão não acontece.
As autoridades de saúde chinesas pedem que as pessoas fiquem atentas a novas atualizações sobre o vírus.
Existe teste e tratamento?
Como o Langya é um vírus recém-detectado, ainda não há teste específico para detecção. De acordo com o CDC de Taiwan, os laboratórios exigirão um método padronizado de teste de ácido nucleico para identificar e monitorar as infecções.
Também não há ainda medicamentos específicos ou vacinas licenciados para humanos. A única solução é o tratamento de suporte para gerenciar os sintomas.
Risco pandêmico?
Os cientistas afirmam que, apesar do vírus necessitar atenção e monitoramento, ele está longe de representar uma ameaça pandêmica.
De acordo com Wang Linfa, professor do Programa de Doenças Infecciosas Emergentes da Duke-NUS Medical School, um dos autores do estudo, não há necessidade de pânico.
“Os casos de henipavírus Langya até agora não foram fatais ou muito graves”, afirmou ele, acrescentando, no entanto, que é preciso ficar alerta, pois muitos vírus que existem na natureza têm resultados imprevisíveis quando infectam humanos.