O que se sabe sobre a nova variante descoberta na África do Sul

Cientistas trabalham para entender o potencial contagioso da nova cepa, que possui o maior número de mutações já visto

26/11/2021 10:04 / Atualizado em 01/12/2021 10:09

A nova cepa descoberta recentemente por pesquisadores da Universidade de Kwazulu-Natal, na África do Sul e batizada de Ômicron deixou os países em alerta. De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), a variante representa um “risco muito elevado” para o mundo e pode causar uma onda global de contaminações.

A grande preocupação é com o número de mutações apresentadas pela cepa. São 50 no total, algumas inéditas.

A OMS, entretanto, afirmou que ainda não há estudos suficientes sobre o potencial da Ômicron, mas que já existem esforços científicos acelerados para estudar as amostras.

Nova variante foi descoberta na África do Sul
Nova variante foi descoberta na África do Sul - araelf/istock

Desde o anúncio da descoberta da nova cepa na África, vários países suspenderam temporariamente voos comerciais com origem ou passagem pelo continente africano. É o caso do Brasil, que seguiu uma recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e impôs restrições a viajantes procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

A medida, no entanto, não foi capaz de impedir a chegada da variante em território brasileiro.

Na terça-feira, 30, foram confirmados os primeiros dois casos da Ômicron no país. Trata-se de um casal brasileiro que desembarcou em São Paulo, vindo da África do Sul no dia 23 de novembro, antes da notificação mundial sobre a identificação da nova variante.

De acordo com o secretário municipal da Saúde da capital, Edson Aparecido, eles foram vacinados na África do Sul com dose da Janssen.

A Secretaria Municipal de Saúde da capital paulista disse que “apura os possíveis contatos de ambos para que seja possível fazer imediatamente o rastreamento e o monitoramento de todos, além de comprovar a situação vacinal da família”.

O número de mutações preocupa

Das 50 mutações encontradas na Ômicron, 32 se localizam na proteína spike. Essa é uma parte do vírus que a maioria das vacinas desenvolvidas contra a covid-19 usa para preparar o sistema imunológico para combater o vírus.

Embora ainda haja várias dúvidas sobre a variante, as mutações podem indicar uma capacidade de transmissão bem mais elevada em relação às cepas anteriores, de acordo com a avaliação da OMS.

Os sintomas observados até agora indicam a variante não agrava o quadro.

Segundo a médica Angelique Coetzee, presidente da Sama (Associação Médica da África do Sul), dores musculares, cansaço e mal-estar por 1 ou 2 dia foram as queixas mais relatadas no pacientes avaliados por ela.

Nova variante descoberta na África do Sul possui o maior número de mutações até agora visto
Nova variante descoberta na África do Sul possui o maior número de mutações até agora visto - tomap49/istock

Vacinas em xeque

Ainda não está claro o quão eficazes as vacinas são contra a nova variante, que carrega características tão distintas da cepa original do vírus.

Algumas das mutações observadas na cepa podem enganar os anticorpos e tornar as vacinas menos eficazes. Também preocupa a presença de mutações novas que ainda não tinham sido observadas anteriormente em variantes já conhecidas.

A Pfizer já anunciou que, dentro de aproximadamente duas semanas, terá informações sobre a eficácia das vacinas existentes no mercado.

O Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD, na sigla em inglês) informou que está trabalhando para entender melhor a cepa e quais seriam suas possíveis implicações.

A entidade já adiantou que não é surpreendente que uma nova variante tenha sido detectada país, onde a taxa vacinal contra a covid-19 está muito abaixo do cenário ideal.