O vírus que está causando surto na Índia pode chegar ao Brasil?

O surto do vírus Nipah na Índia disparou um alarme global; entenda os riscos, sintomas e como evitar a propagação

O que os especialistas dizem sobre o Nipah, vírus que causou duas mortes na Índia?
Créditos: iStock/Mohammed Haneefa Nizamudeen
O que os especialistas dizem sobre o Nipah, vírus que causou duas mortes na Índia?

No último dia 12 de setembro, a Índia lançou um alerta devido a um surto recém-detectado do vírus Nipah. Com pelo menos duas vítimas fatais confirmadas, o vírus, que causa inflamação cerebral e possui alta taxa de letalidade, está despertando preocupações a nível mundial.

Apesar disso, especialistas destacaram, durante entrevista ao Estadão, que a probabilidade de sua propagação no Brasil é bem baixa. Mesmo assim, a situação é monitorada de perto por diversos países, pois o vírus tem alta taxa de letalidade, entre 40% e 75%, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Alejandro Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), comparou o método de transmissão do vírus Nipah ao do Ebola, destacando que ambos necessitam de contato próximo para se propagarem.

O aspecto, juntamente com a semelhança da gravidade e alta taxa de letalidade, sugere que a propagação do vírus Nipah seja mais lenta e menos extensa.

Como o vírus Nipah está se propagando?

Os morcegos frugívoros, típicos da Ásia e inexistentes no Brasil, são considerados os principais veículos de transmissão do vírus Nipah. Justamente por não ter esse morcego no Brasil, a propagação do vírus aqui é bem difícil. A propagação só seria possível se chegasse através de viajantes. Por isso, o monitoramento das autoridades internacionais de saúde é fundamental.

Desde que o vírus surgiu, em 1998, os surtos acabaram sendo esporádicos e com poucos infectados, o que reforça a expectativa de que este novo surto também seja pontual.

Até o momento, os casos confirmados de infecção pelo vírus Nipah estão concentrados no estado de Kerala. Cabe mencionar que o mesmo estado já controlou outros três surtos ao longo dos anos.

O contágio acontece por meio do contato com a saliva ou urina desses morcegos ou por contato com seres humanos e animais previamente infectados.

Dada a essa especificidade, os principais afetados costumam ser comunidades situadas próximas a florestas asiáticas, em particular as mais carentes, onde as condições sanitárias são mais precárias.

Afinal, como evitar a propagação?

Barbosa ressalta a necessidade de produzir uma vacina para impedir possíveis mutações que tornem o vírus mais infeccioso.

Além disso, campanhas de saneamento básico e orientação à população são estratégias cruciais para controlar a propagação do vírus.

Grinbaum, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), acrescenta que os alertas emitidos pela Índia e pela OMS se destinam mais à vigilância do que a causar pânico. Tais comunicados permitem que se tenha um monitoramento constante, possibilitando a identificação de eventuais irregularidades na disseminação do vírus, bem como o estudo para a medicina do viajante.

Sintomas e tratamento contra o Nipah

O quadro clínico do Nipah varia bastante, com sintomas que se assemelham aos de várias outras infecções, como febre, dificuldade para respirar, dores de cabeça e vômitos. Nos casos mais graves, pode ocorrer inflamação no cérebro e problemas respiratórios agudos.

A OMS informa que não existe uma cura específica para a infecção pelo vírus Nipah, sendo que o principal tratamento disponível até o momento são os cuidados de suporte, visando ao controle dos sintomas.

Apesar da situação alarmante, é importante lembrar que, assim como a covid-19, existem casos assintomáticos do vírus Nipah. Isso reforça a necessidade de vigilância constante e de medidas preventivas eficazes, em nível tanto individual quanto coletivo, em busca da saúde global.