OMS passa a recomendar antiviral para pacientes não graves de covid
Medicamento consegue impedir a cópia e disseminação do vírus no organismo e, dessa forma, poderia reduzir o risco de hospitalização
A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar o antiviral molnupiravir para tratar pacientes com a covid-19 que não estejam em estado grave, mas que apresentam maior risco de hospitalização.
Os pacientes com maior risco incluem aqueles que não são vacinados contra covid-19, idosos e pessoas com sistema imunológico fraco ou condições crônicas.
A orientação foi publicada pelo grupo de desenvolvimento de diretrizes da OMS no periódico científico The BMJ.
Os especialistas da OMS, no entanto, destacaram que o molnupiravir não deve ser administrado a pacientes jovens e saudáveis, incluindo crianças e mulheres grávidas e lactantes devido a possíveis efeitos colaterais.
Como age o Molnupiravir?
Desenvolvido pela farmacêutica norte-americana MSD (Merck), o molnupiravir é o primeiro medicamento oral para pacientes com quadros de leve a moderado de covid-19.
O medicamento tem uma potente atividade antiviral contra o SARS-CoV-2, que impede efetivamente o crescimento e a disseminação do coronavírus.
Assim que o molnupiravir entra no organismo, ele é metabolizado e se transforma em outra substância, a N4-hidroxicitidina (NHC), uma molécula que basicamente funciona introduzindo erros no código genético do vírus. Dessa forma, ela consegue impedir a cópia do Sars-Cov-2.
O tratamento é indicado para ser utilizado na primeira oportunidade após a infecção da doença e pode ajudar a combater a progressão de sintomas mais graves.
A equipe da OMS desenvolveu sua recomendação com base em novos dados de seis ensaios clínicos que incluíram 4.796 pacientes – o conjunto de dados mais extenso sobre o molnupiravir até o momento.
Os pesquisadores obtiveram evidências de certeza moderada desses ensaios que elucidaram que o molnupiravir reduz o risco de internação hospitalar em 43 internações a menos por 1.000 e o tempo de resolução dos sintomas em uma média de 3,4 dias a menos. Além disso, evidências de baixa certeza demonstraram um pequeno efeito na mortalidade – seis a menos por 1.000 pacientes.
A pesquisa da OMS não fez uma recomendação para que pacientes com covid-19 grave a crítico usem molnupiravir, pois não há dados de ensaios para essa população.
Anvisa avalia uso emergencial
O pedido de autorização para uso emergencial do molnupiravir já foi recebido pela Anvisa em novembro do ano passado. No entanto, a análise está parada após a Agência identificar a ausência de dados necessários por parte da MSD.
A empresa já foi advertida e deverá enviar mais informações para uma nova avaliação da Anvisa.