OMS diz que mundo está entrando na quarta onda da covid-19
Médica da entidade diz estar receosa com a discussão de Carnaval no Brasil
A diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), a médica brasileira Mariângela Simão, disse que o mundo está entrando em uma quarta onda da pandemia de covid-19.
“Estamos vendo a ressurgência de casos de covid-19 na Europa. Tivemos nas últimas 24 horas mais de 440 mil novos casos confirmados. E isso que há subnotificação em vários continentes”, disse.
“O mundo está entrando em uma quarta onda, mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à pandemia”, afirmou Mariângela Simão durante conferência na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia na segunda-feira, 22.
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Simão chamou atenção para a situação na Europa, onde alguns países têm retomado medidas restritivas por conta do aumento de casos.
“Na região das Américas, há uma transmissão comunitária continuada, com pequenos picos, enquanto a Europa está entrando de novo em uma ressurgência de casos”, explicou.
Segundo ela, à abertura e flexibilização das medidas de distanciamento no verão, além do uso inconsistente de medidas de prevenção em países e regiões contribuíram para o atual cenário.
Vacinação não freia o vírus
A diretora da entidade disse ainda que o vírus continua evoluindo com variantes mais transmissíveis e lembrou que a vacinação reduz as hospitalizações, mas não interrompe a transmissão da doença.
“O aumento da cobertura vacinal não influencia na higiene pessoal, mas tem associação com diminuição do uso de máscaras e distanciamento social. Além disso, há desinformação, mensagens contraditórias que são responsáveis por matar pessoas”, apontou a diretora-geral adjunta da OMS.
Mariângela Simão ainda chamou atenção para o fato de grande parte da população seguir sem acesso às vacinas.
“Foram aplicadas mais de 7,5 bilhões de doses. Em países de baixa renda, há menos de 5% das pessoas com pelo menos uma dose. Um dos fatores foi o fato de os produtores terem feito acordos bilaterais com países de alta renda e não estarem privilegiando vacinas para países de baixa renda”, analisou.
Sobre o Brasil, a médica disse estar receosa quanto ao futuro, principalmente por conta das discussões em curso sobre o Carnaval.
“Me preocupa quando vejo no Brasil a discussão sobre o Carnaval. É uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar as ações para 2022”, alertou.