Pai com Alzheimer reconhece filho após tratamento com óleo de cannabis
Evolução do tratamento de aposentado feito com óleo de cannabis reforça a importância da liberação da maconha medicinal
A reação emocionada de Filipe Barsan Suzin, de 28 anos, ao ser reconhecido pelo pai com Alzheimer viralizou nas redes sociais e se somou às discussões sobre a importância da liberação do uso cannabis medicinal. Ivo Suzin, de 58 anos, foi diagnosticado com a doença há seis anos. Em apenas seis meses de uso do óleo de cannabis (Full Spectrum), produzido a partir da planta da maconha, ele já apresenta melhoras significativas.
De acordo com a família, nenhum tratamento convencional até então havia surtido efeito. “A evolução da doença avançava rapidamente”, conta Filipe. “No ano passado, com 58 anos, o Alzheimer chegou há um ponto em que ele já não entendia mais nem o que era engolir algo, sua alma parecia que tinha o abandonado, e esse abandono trouxe em seu lugar uma pessoa perigosa e agressiva, que já não tinha mais noção de nenhuma de suas funções básicas, não entendia que precisava ir ao banheiro, que precisava comer ou se hidratar, nem tomar banho, seu humor era perigoso, tínhamos que forçar tudo, em um momento estava sorrindo e no outro te batendo”, explica o Filipe na conta do Instagram @CurandoIvo, dedicada a mostrar a evolução do pai.
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As primeiras gravações mostradas no vídeo acima mostram Ivo agressivo com o filho e a mulher, que precisavam dar banho em nele à força. “O Alzheimer destruiu a vida do meu marido. Com 58 anos, ele é uma pessoa totalmente dependente. Você tem que fazer ele tomar banho aí ele fica agressivo, não aceita”, afirma Solange Suzin, mulher de Ivo.
Já nas gravações mais recentes, é possível notar mudança no comportamento dele, que se mostra mais carinhoso e bem-humorado. “O CBD (planta inteira) tem trazido a esperança que a gente possa reverter. E eu acho que a gente tem o direito de poder correr atrás e reivindicar os direitos para tentar ter uma vida mais digna”, afirma Solange.
Maconha medicinal
Atualmente, o tratamento com o canabidiol e outros canabinóides, componentes da Cannabis, é liberado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), porém é importado e, por isso, esbarra no preço alto e na burocracia.
A esperança de milhares de pacientes está sendo debatida em duas consultas públicas em andamento na agência. Uma delas trata sobre o registro e monitoramento de medicamentos produzidos à base de cannabis, enquanto a outra é referente ao cultivo da planta por empresas farmacêuticas, única e exclusivamente para fins medicinais e científicos.
Nos dois casos, as contribuições recebidas até dia 19 de agosto são consideradas públicas e estarão disponíveis a qualquer interessado, no site da Anvisa.
Após o término da consulta pública, a Agência fará a análise das contribuições e poderá, se for o caso, promover debates com órgãos, entidades e aqueles que tenham manifestado interesse no assunto, com o objetivo de fornecer mais subsídios para discussões técnicas e a deliberação final da Diretoria Colegiada.
A expectativa é que, ao regulamentar o cultivo da planta, o custo da produção de medicamentos com base na Cannabis sativa caia e seja mais acessível a quem precisa.