Por que, segundo estudo, virar a noite pode ter efeito antidepressivo?

Entenda os efeitos das noites sem sono no funcionamento do cérebro

Por que, segundo especialistas, virar a noite pode ter efeito antidepressivo? – iStock/Getty Images
Créditos: Georgijevic/istock
Por que, segundo especialistas, virar a noite pode ter efeito antidepressivo? – iStock/Getty Images

Efeito antidepressivo? Pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, acreditam que virar a noite, mesmo em condição de cansaço físico, parece despertar mais entusiasmo no cérebro de algumas pessoas do que o normal.

A evidência levou a equipe de Illinois a descobrir os efeitos das noites sem sono no funcionamento do cérebro, conforme mostra estudo divulgado na revista científica Neuron. O experimento evidencia um aumento surpreendente nos níveis de dopamina e melhorias na plasticidade das sinapses em camundongos forçados à privação do sono.

Por que virar a noite oferece efeito antidepressivo? 

Este estado de “insônia induzida”, chamado pelos pesquisadores de “religar” o cérebro, resultou em benefícios que perduraram por dias e pode oferecer novas perspectivas para o funcionamento dos antidepressivos.

Mas isso significa que todos devem começar a sacrificar suas noites de sono para melhorar a saúde mental? Vamos mergulhar mais fundo nesse tópico antes de tirar quaisquer conclusões precipitadas.

Como o experimento foi realizado?

Delicado e desafiador, o estudo deveria ser realizado de forma não causasse estresse significativo nos camundongos, mas ainda assim fossem desconfortáveis o suficiente para mantê-los acordados.

Após uma noite sem dormir, os camundongos se tornaram mais agressivos, hiperativos e hiperssexuais. E o mais importante: a atividade dos neurônios dopaminérgicos, responsáveis por desencadear a sensação de recompensa, foi elevada durante a privação do sono.

Enquanto a agressividade, hiperatividade e hiperssexualidade regressaram após algumas horas, o efeito antidepressivo persistiu por alguns dias.

Isso levou os pesquisadores a concluir que a “privação aguda do sono está de alguma forma ativando o organismo”. No entanto, eles alertam que os resultados desse estudo são iniciais e não recomendam a privação do sono como estratégia terapêutica para pessoas diagnosticadas com depressão.

Consequências da privação do sono 

Os resultados deste estudo sugerem que o córtex pré-frontal pode ser uma área relevante na busca por alvos terapêuticos para a depressão.

Além disso, a descoberta de que a privação do sono afeta a atividade dos neurônios dopaminérgicos reforça a vista de que essas células desempenham papéis muito diferentes e importantes no cérebro.

Embora a privação de sono possa ter efeitos antidepressivos temporários, é importante lembrar a importância de uma boa noite de sono para a saúde física e mental.