Quais são as causas do autismo? Veja o que a ciência sabe até o momento

As causas do autismo ainda não são totalmente compreendidas, mas pesquisas apontam que ele resulta de uma combinação de fatores genéticos e ambientais

31/10/2024 17:18

Embora os cientistas ainda estejam tentando entender por que algumas pessoas desenvolvem autismo e outras não, sabe-se que o transtorno do espectro autista (TEA) é de origem multifatorial, ou seja, ocorre em pessoas geneticamente predispostas após exposição a um ou mais fatores ambientais.

Os fatores ambientais envolvidos incluem tomar certos medicamentos durante a gravidez, exposição a poluentes e infecções da mãe.

Genética no autismo

A ciência indica que o autismo possui uma forte base genética e pode ser herdável. Isso porque há maior prevalência em famílias e irmãos. Hoje sabe-se, por exemplo, que o risco de uma criança ter autismo é maior se um ou mais de seus irmãos também estiverem no espectro. 

Estudos também mostram que mutações em certos genes ligados ao desenvolvimento cerebral e à comunicação entre neurônios podem aumentar o risco do transtorno.

Entre os genes mais estudados estão o CHD8, SCN2A e SHANK3, que estão associados ao desenvolvimento de sinapses e à plasticidade neural.

Estas variantes genéticas, no entanto, não são necessárias nem suficientes para desenvolver TEA. Ou seja, uma pessoa portadora de uma determinada variante pode não apresentar TEA e uma pessoa autista pode não ser portadora destas variantes.

autismo

Quando a genética encontra fatores ambientais

Uma área crescente de pesquisa se concentra na interação de fatores genéticos e ambientais. Embora ainda seja muito difícil fazer correlações causais com aspectos ambientais, alguns estudos começam a levantar potenciais fatores de risco.

Por exemplo, já foi observado que infecções virais e bacterianas durante a gravidez podem afetar o desenvolvimento neurológico da criança.

Em um artigo de fevereiro deste ano na revista Biochimica et Biophysica Acta (BBA) – Molecular Basis of Disease, pesquisadores descreveram a infecção pelo vírus da zika na gestação como um fator de risco para o TEA em bebês.

A relação foi relatada por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e do Institut Pasteur de São Paulo, além de outras instituições. 

Também já se sabe que a exposição de uma mulher a contaminantes prejudiciais durante a gravidez pode desencadear uma mutação genética que pode afetar o desenvolvimento cerebral do feto.

Além disso, estudos também sugerem que pais mais velhos podem ter maior chance de terem filhos autistas devido a mutações acumuladas nas células reprodutivas.

Outro fator de interesse pela ciência é a relação entre a falta de nutrientes como ácido fólico e vitamina D durante a gestação, que pode estar relacionada a risco de autismo, já que esses nutrientes são essenciais para o desenvolvimento neurológico.

Plástico e autismo também é uma relação que vem sendo amplamente estudada. Em uma pesquisa recente, publicada na Nature Communications, cientistas identificaram níveis elevados de bisfenol A (BPA) — um composto presente em plásticos — em grávidas que tiveram filhos posteriormente diagnosticados com autismo.

Essa descoberta aponta para o potencial impacto do BPA, um disruptor endócrino, no desenvolvimento fetal, evidenciando possível relação com o risco de autismo.