Quais são as causas do autismo? Veja o que a ciência sabe até o momento
As causas do autismo ainda não são totalmente compreendidas, mas pesquisas apontam que ele resulta de uma combinação de fatores genéticos e ambientais
Embora os cientistas ainda estejam tentando entender por que algumas pessoas desenvolvem autismo e outras não, sabe-se que o transtorno do espectro autista (TEA) é de origem multifatorial, ou seja, ocorre em pessoas geneticamente predispostas após exposição a um ou mais fatores ambientais.
Os fatores ambientais envolvidos incluem tomar certos medicamentos durante a gravidez, exposição a poluentes e infecções da mãe.
Genética no autismo
A ciência indica que o autismo possui uma forte base genética e pode ser herdável. Isso porque há maior prevalência em famílias e irmãos. Hoje sabe-se, por exemplo, que o risco de uma criança ter autismo é maior se um ou mais de seus irmãos também estiverem no espectro.
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Estudos também mostram que mutações em certos genes ligados ao desenvolvimento cerebral e à comunicação entre neurônios podem aumentar o risco do transtorno.
Entre os genes mais estudados estão o CHD8, SCN2A e SHANK3, que estão associados ao desenvolvimento de sinapses e à plasticidade neural.
Estas variantes genéticas, no entanto, não são necessárias nem suficientes para desenvolver TEA. Ou seja, uma pessoa portadora de uma determinada variante pode não apresentar TEA e uma pessoa autista pode não ser portadora destas variantes.
Quando a genética encontra fatores ambientais
Uma área crescente de pesquisa se concentra na interação de fatores genéticos e ambientais. Embora ainda seja muito difícil fazer correlações causais com aspectos ambientais, alguns estudos começam a levantar potenciais fatores de risco.
Por exemplo, já foi observado que infecções virais e bacterianas durante a gravidez podem afetar o desenvolvimento neurológico da criança.
Em um artigo de fevereiro deste ano na revista Biochimica et Biophysica Acta (BBA) – Molecular Basis of Disease, pesquisadores descreveram a infecção pelo vírus da zika na gestação como um fator de risco para o TEA em bebês.
A relação foi relatada por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e do Institut Pasteur de São Paulo, além de outras instituições.
Também já se sabe que a exposição de uma mulher a contaminantes prejudiciais durante a gravidez pode desencadear uma mutação genética que pode afetar o desenvolvimento cerebral do feto.
Além disso, estudos também sugerem que pais mais velhos podem ter maior chance de terem filhos autistas devido a mutações acumuladas nas células reprodutivas.
Outro fator de interesse pela ciência é a relação entre a falta de nutrientes como ácido fólico e vitamina D durante a gestação, que pode estar relacionada a risco de autismo, já que esses nutrientes são essenciais para o desenvolvimento neurológico.
Plástico e autismo também é uma relação que vem sendo amplamente estudada. Em uma pesquisa recente, publicada na Nature Communications, cientistas identificaram níveis elevados de bisfenol A (BPA) — um composto presente em plásticos — em grávidas que tiveram filhos posteriormente diagnosticados com autismo.
Essa descoberta aponta para o potencial impacto do BPA, um disruptor endócrino, no desenvolvimento fetal, evidenciando possível relação com o risco de autismo.