Reduzir o consumo desse alimento comum protege contra a demência

Um estudo mostra como mudanças na dieta podem reduzir o risco de demência e ajudar a proteger a saúde do cérebro

Por Caroline Vale em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
21/01/2025 12:15

Evitar o consumo excessivo de carne vermelha, especialmente as processadas, pode contribuir para a saúde do seu cérebro.

O que fazer para proteger o cérebro da demência?
O que fazer para proteger o cérebro da demência? - Makhbubakhon Ismatova/iStock

Um estudo publicado no Neurology revelou que há uma associação entre o alto consumo desse tipo de carne e um risco aumentado de declínio cognitivo e demência.

Descobertas do estudo

A pesquisa analisou dados de mais de 133 mil pessoas ao longo de 43 anos, considerando seus hábitos alimentares e diagnósticos de demência. No final, mais de 11.000 participantes foram diagnosticados com demência.

Os resultados mostraram que consumir uma porção extra de carne vermelha processada por dia está associado a um envelhecimento cerebral equivalente a 1,6 ano a mais. Uma porção equivale a cerca de 85 gramas.

Além disso, aqueles que consumiam pelo menos um quarto de porção de carnes processadas diariamente tiveram um risco 13% maior de desenvolver demência em comparação aos que ingeriam menos de um décimo de porção.

Exemplos de carnes processadas incluem bacon, salsicha, mortadela, presunto e salame, que passam por processos de cura, defumação ou adição de conservantes.

Por que carne vermelha processada prejudica o cérebro?

Os cientistas identificaram vários fatores que podem explicar essa associação:

  • Gordura saturada em alta quantidade, que contribui para doenças cardiovasculares e danos ao sistema nervoso, o que piora o declínio cognitivo.
  • Compostos como nitritos e N-nitrosos, usados no processamento de carnes, estão ligados a riscos aumentados de câncer e declínio cognitivo.
  • Altos níveis de sódio, que também comprometem a saúde do cérebro.

Recomendações dos especialistas

Os autores sugerem que substituir carnes vermelhas processadas por fontes vegetais de proteína, como nozes e leguminosas, pode reduzir o risco de demência em até 19%.

Ademais, optar por uma dieta equilibrada, como a mediterrânea, que é rica em vegetais, frutas, azeite de oliva e peixes, contribui para um envelhecimento cognitivo mais saudável.

Embora o estudo não prove que as carnes processadas causam diretamente a demência, ele reforça a importância de considerar a qualidade da alimentação no cuidado com a saúde cerebral. 

“Estudos de longo prazo são essenciais para investigar condições como demência, que podem se desenvolver ao longo de décadas. (…) Continuamos montando esse quebra-cabeça para entender os mecanismos que causam demência e declínio cognitivo”, afirmou em comunicado Daniel Wang, um dos autores do estudo e professor na Harvard T.H. Chan School of Public Health.

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