22 itens que têm relação com o desenvolvimento de câncer
Há evidências científicas muito fortes que relacionam vários hábitos e substâncias com o risco de desenvolvimento da doença
Dieta, atividade física e diversos hábitos podem reduzir o risco de câncer em até 40% dos casos. A conclusão foi analisada na ASCO 2018 ou American Society of Clinical Oncology ou Sociedade Americana de Oncologia Clínica – um dos eventos mais importantes da oncologia contemporânea global. Por outro lado, outros hábitos e substâncias foram relacionados ao desenvolvimento de câncer.
Respirar certas substâncias, comer determinados alimentos e até mesmo usar alguns tipos de plásticos elevam o risco de alguns tipos da doença.
Para evitar confusões e ao mesmo tempo conscientizar a população a respeito dos cuidados a serem tomados, os médicos Adriana Scheliga e Cristiano Guedes Duque, ambos da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico, agruparam alguns tópicos que têm forte ligação com a doença. Veja a seguir.
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1.Tabaco
Trata-se da principal causa no mundo inteiro de doenças e mortes evitáveis. Estima-se que o cigarro esteja relacionado à morte de quase a metade de seus usuários em longo prazo. A recomendação é não fumar e não utilizar nenhuma forma de tabaco.
2. Tabagismo passivo
Também pode causar câncer e outras doenças crônicas, inclusive em crianças. Não se deve fumar dentro de casa. Devem ser estimuladas medidas para que todos os ambientes de convívio social fiquem livres da fumaça do cigarro
3. Excesso de peso
Manter um peso saudável, incluindo dieta e atividade física, pode reduzir em até 18% o risco de desenvolver câncer
4. Sedentarismo
O recomendável é que as pessoas se mantenham moderadamente ativas por pelo menos 30 minutos por dia. O tempo gasto na posição assentada deve ser reduzido. Auxilia no controle do peso.
5. Alimentos processados
Qualquer alimento que venha em um invólucro de plástico e esteja industrialmente selado foi projetado para durar meses sem estragar. Cientistas na França recentemente demonstraram uma relação entre pessoas que comem mais alimentos processados e aqueles que desenvolvem câncer. Porém, ainda não há certeza se o problema são os ingredientes estabilizadores do produto, a embalagem plástica ou alguma combinação dos dois. Por isso, mais estudos são necessários para de fato comprovar a correlação de causa e efeito. Já alimentos como os embutidos (linguiças, salsichas, presuntos e apresuntados, entre outros) são apontados como grandes vilões, isso porque o tratamento recebido pela carne é de alguma forma para preservá-la ou temperá-la, como salgar, curar, fermentar ou defumar.
6. Álcool
Se a pessoa já possui esse hábito, deve procurar limitar a quantidade. O melhor para a prevenção do câncer é evitar qualquer consumo de álcool.
7. Bronzeamento e exposição solar
Existe de fato um aumento considerável do risco de desenvolver tumores malignos de pele em pessoas que utilizam o bronzeamento artificial, principalmente se esse hábito se iniciou antes dos 35 anos. A luz solar natural também é conhecidamente um agente causador de câncer de pele. No Brasil, segundo fontes como o Inca, o câncer de pele não melanoma é o tumor mais frequente em ambos os sexos.
A exposição excessiva e sem proteção, como aqueles que trabalham ao ar livre (lavoura, praia, construção civil, entre outros) ou mesmo a exposição recreativa excessiva em praias e piscinas, deve ser evitada por meio do uso de protetores solares, roupas, chapéus e óculos protetores.
8. Poluição do ar e exposição a substâncias
Inclui as substâncias utilizadas no trabalho (na indústria ou em serviços, como de cabeleireiros). O uso de forno a lenha deve ser evitado, principalmente se não há exaustão correta. O ambiente das cidades deve ter medidas para controle da poluição.
9. Status menstrual da mulher
As mulheres que começam a menstruar mais cedo ou entram na menopausa mais tarde podem ter um risco aumentado de câncer de mama, porque estão expostas a um tempo mais prolongado ao estrogênio e à progesterona produzidos pelos ovários. As mulheres que entram na menopausa e utilizam reposição hormonal combinada de estrogênio e progesterona para ajudar a aliviar os sintomas também podem estar em maior risco. Sobre a utilização das pílulas anticoncepcionais, que embora muitas vezes estão associadas a um potencial risco aumentado de câncer de colo de útero, há algumas evidências de que estar sob controle de natalidade por outro lado esteja associado a um risco reduzido de desenvolver outros tipos de câncer, como do endométrio, colorretal e de ovário.
10. Infecções
As vacinas contra hepatite B e HPV podem evitar o câncer. Outros vírus, como hepatite C, HIV e H. pylori, por exemplo, estão relacionados a certos tipos de câncer.
11. Radiação
Deve ser evitada exposição desnecessária, principalmente na área da saúde. As pessoas que viviam perto do local do desastre nuclear do ano 1986 em Chernobyl, na Ucrânia, desenvolveram taxas mais altas do que as usuais de câncer de pulmão, tireoide e leucemias agudas.
12. Açúcar
O açúcar refinado branco, presente em doces, biscoitos e muitos produtos industrializados, quando consumido em excesso pode levar à obesidade, a alterações metabólicas e até ao desenvolvimento do diabetes mellitus. A obesidade pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de mama, cólon e reto, esôfago, rim e pâncreas. É importante lembrar que o açúcar está presente em diversos alimentos como componente natural essencial. Alguns exemplos são a frutose nas frutas, a lactose nos derivados de leite. Portanto, a utilização de açúcar isoladamente não pode ser considerada um fator de causa e efeito de câncer.
13. Produtos químicos e substâncias tóxicas
Algumas pessoas trabalham diariamente com substâncias potencialmente causadoras de câncer. Abaixo, substâncias conhecidamente tóxicas, principalmente quando são utilizadas sem a devida proteção:
- trabalhadores em fábrica de alumínio, amianto, determinadas tintas, derivados de benzeno, fabricantes de borracha, cabeleireiros que utilizam corantes (as coloristas) sem proteção, trabalhadores de minas de carvão, trabalhadores em locais de escapamento de vapores de derivados de diesel e gasolina (como frentistas de posto de gasolina), formaldeído, arsênico
14. Carne vermelha
A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere que qualquer tipo de carne vermelha possa estar ligada a um aumento do risco de câncer colorretal. Além disso, há algumas evidências que indicam que sua contribuição para o câncer pancreático e de próstata, embora essa evidência não seja tão forte.
As carnes defumadas e churrascos provavelmente também aumentam o risco de câncer, porque quando são assadas em fogo muito quente ou são fritas em altas temperaturas eliminam substâncias, como as aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, que junto com as chamas aumentam os produtos químicos cozidos na carne consumida.
Os pesquisadores não estão certos de que esses produtos químicos causem câncer. Contudo, em testes de laboratório, o DNA celular sofre mudanças que podem aumentar o risco de câncer.
15. Herbicidas e pesticidas
Há evidências de que os herbicidas e pesticidas utilizados na lavoura estejam mais relacionados ao câncer nos agricultores do que nas pessoas que ingerem alimentos pulverizados com essas substâncias
16. Poeira de madeira
Trabalhadores de serraria e marceneiros que respiram toneladas de poeira ao cortar e moldar madeira de um modo geral têm maior probabilidade de desenvolver câncer da cavidade nasal do que uma pessoa comum.
17. Vírus
Certos tipos de vírus podem indiretamente aumentar o risco de desenvolvimento de câncer. Isso ocorre porque, em algumas situações, os vírus desencadeiam alterações genéticas nas células que podem contribuir para o desenvolvimento do câncer, como o HPV, que está ligado ao câncer de colo de útero, de pênis, canal vaginal e canal anal. Os vírus das hepatites B e C podem causar câncer de fígado, e o vírus Epstein-Barr pode estar relacionado a um determinado tipo de linfoma. Já o vírus do HIV 1 e 2 relacionados a AIDS leva seu portador a desenvolver imunodeficiência adquirida, e, com isso, há um aumento de determinadas neoplasias malignas, como linfomas de alto grau. Hoje, recomenda-se que todos os meninos e meninas recebam a vacina contra o HPV, idealmente antes de seu primeiro encontro sexual.
18. Turno da noite
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer classificou o trabalho noturno como um provável fator desencadeador de câncer no ano de 2007. Os pesquisadores acreditam que trabalhar à noite e durante longas horas na escuridão podem atrapalhar os ciclos naturais de sono e vigília circadianos do corpo e, de alguma forma, estar ligados a um aumento do risco de câncer.
19. História familiar de câncer
Algum risco de câncer é transmitido de geração em geração. As mutações genéticas podem ocorrer em cerca de 5-10% de todos os cânceres. E essas alterações genéticas que promovem o câncer podem ser herdadas de nossos pais, se elas estiverem presentes nas células chamadas germinativas (óvulos e espermatozóides). Por exemplo, certos tipos de câncer de mama são resultado de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2.
20. Próteses de silicone
Recentemente, foi descrita uma nova entidade chamada linfoma anaplásico de grandes células associado a implantes de mama. É um tipo de câncer em mulheres com implantes de silicone de mama. Ainda assim, essa entidade é rara, e deve apenas alertar as mulheres e seus cirurgiões que devem manter suas pacientes sempre sob controle. Não é uma contraindicação ao seu uso.
21. Alguns plásticos
Os plásticos podem ser perigosos, especialmente quando liberam substâncias químicas, como o BPA, substância que tem sido utilizada em muitos plásticos e resinas desde a década de 1960. As resinas de BPA podem ser usadas dentro de produtos como latas de alimentos metálicos como substancias selantes, assim como em garrafas de plástico de água e recipientes de armazenamento de alimentos. Embora muitos fabricantes de plásticos tenham começado a rotular seus produtos como “livre de BPA”, o câncer de mama e próstata podem estar ligados a essas substâncias. Hoje, alguns estados americanos aboliram definitivamente a comercialização de garrafas plásticas de água.
22. Acrilamida
O escurecimento de alguns alimentos cozidos ou assados em altas temperaturas – como pão, café ou batatas fritas – produz um composto químico chamado acrilamida. Isso acontece naturalmente em um processo chamado reação de Maillard. Porém, a dose de acrilamida em uma xícara de café ou um pãozinho assado na chapa provavelmente não é perigoso. A ANVISA alerta que os modelos teóricos para predizer se um câncer poderia ser desenvolvido no ser humano como resultado da ingestão de alimentos, contendo acrilamida, não são confiáveis para desenvolver conclusões consistentes sobre o risco. Ainda assim, um juiz do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, decidiu no início deste ano que os vendedores de café devem alertar seus clientes sobre os possíveis riscos de câncer da acrilamida no café.
“Embora seja verdade que o que comemos, aonde vamos e as coisas que respiramos todos os dias podem contribuir para as nossas chances de desenvolver certos tipos de câncer, é importante lembrar que os mecanismos não são totalmente compreendidos”, afirma a onco-hematologista Adriana Scheliga.