Retinopatia diabética pode causar cegueira irreversível
Especialista explica o que é a doença, quais os avanços no controle da enfermidade e como prevenir
Pessoas que sofrem com diabetes têm 25 vezes mais chances de ficarem cegas, segundo uma estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Uma das enfermidades mais graves relacionadas à doença é a retinopatia diabética, uma lesão da retina (estrutura transparente e sensível à luz localizada na parte posterior do olho) e pode afetar até 40% dos pacientes.
A retinopatia diabética favorece o aparecimento do glaucoma, a grande causadora de cegueira irreversível no mundo.
A retinopatia ocorre, principalmente, em pacientes portadores de diabetes, que apresentam a doença há muito tempo ou sofrem com um quadro crônico de descompensação de glicemia. De acordo com o oftalmologista do Hospital CEMA, Antônio Sérgio Franca Neves, a doença costuma ser silenciosa. “Os sintomas ocorrem quando afetam a região central, causando baixa acuidade visual progressiva. Em estágios avançados, há presença de manchas ou escurecimento súbito da visão, secundários à hemorragia e o descolamento tracional da retina”, explica o médico do CEMA.
- Descubra o poder da romã para a saúde do coração
- 5 sinais discretos na pele podem sinalizar diabetes; saiba reconhecer
- 5 doenças que podem causar sede excessiva
- 4 sinais de alerta que podem indicar câncer renal
Tratamento
Embora grave, a medicina segue avançando no tratamento desse problema, com novidades como a injeção intravítrea de antiangiogênicos. Essa técnica revolucionou o tratamento oftalmológico e ajuda a salvar a visão de milhares de pacientes no mundo todo.
Apesar de parecer doloroso e complicado, o procedimento é indolor e dura poucos minutos. “Quando há edema na retina, principalmente na região macular, e outras condições que causem sofrimento do tecido retiniano, essa é uma das opções mais novas e eficazes”, explica o oftalmologista do Hospital CEMA.
Os antiangiogênicos inibem a formação de novos vasos, ajudam ainda na regressão do quadro, além de melhorar o desequilíbrio gerado pela diabetes na circulação retiniana.
Além desse tratamento, é possível administrar injeções de anti-inflamatórios, fotocoagulação a laser (para casos avançados) e a vitrectomia, uma cirurgia indicada para casos nos quais o paciente apresenta hemorragia vítrea (sangue na estrutura gelatinosa que fica em contato com a retina), descolamento de retina e alguns outros casos específicos.Todos esses procedimentos são indicados de acordo com o caso e a evolução da doença.
Prevenção de retinopatia diabética
A melhor forma de prevenir a retinopatia diabética é fazer o controle dos índices glicêmicos, com acompanhamento multidisciplinar, e exames oftalmológicos de rotina, principalmente os que avaliam o fundo do olho. Nos últimos dez anos, o Brasil apresentou crescimento de 61,8% dos casos de diabetes, atingindo 8,9% da população, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Estimativas da Organização Mundial de Saúde apontam que cerca de 422 milhões de pessoas no mundo vivam com a doença, sendo que metade delas nem sabe que tem o problema. A Federação Internacional de Diabetes estima que, em 2040, a cada 10 adultos, 1 será diabético.