Retinopatia diabética pode causar cegueira irreversível

Especialista explica o que é a doença, quais os avanços no controle da enfermidade e como prevenir

13/11/2018 17:29 / Atualizado em 05/05/2020 12:09

Em estágios avançados, há presença de manchas ou escurecimento súbito da visão
Em estágios avançados, há presença de manchas ou escurecimento súbito da visão - memorisz/istock

Pessoas que sofrem com diabetes têm 25 vezes mais chances de ficarem cegas, segundo uma estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Uma das enfermidades mais graves relacionadas à doença é a retinopatia diabética, uma lesão da retina (estrutura transparente e sensível à luz localizada na parte posterior do olho) e pode afetar até 40% dos pacientes.

A retinopatia diabética favorece o aparecimento do glaucoma, a grande causadora de cegueira irreversível no mundo.

A retinopatia ocorre, principalmente, em pacientes portadores de diabetes, que apresentam a doença há muito tempo ou sofrem com um quadro crônico de descompensação de glicemia. De acordo com o oftalmologista do Hospital CEMA, Antônio Sérgio Franca Neves, a doença costuma ser silenciosa. “Os sintomas ocorrem quando afetam a região central, causando baixa acuidade visual progressiva. Em estágios avançados, há presença de manchas ou escurecimento súbito da visão, secundários à hemorragia e o descolamento tracional da retina”, explica o médico do CEMA.

Tratamento

Embora grave, a medicina segue avançando no tratamento desse problema, com novidades como a injeção intravítrea de antiangiogênicos. Essa técnica revolucionou o tratamento oftalmológico e ajuda a salvar a visão de milhares de pacientes no mundo todo.

Tratamento com injeção dura poucos minutos e é indolor
Tratamento com injeção dura poucos minutos e é indolor - reprodução/Youtube

Apesar de parecer doloroso e complicado, o procedimento é indolor e dura poucos minutos. “Quando há edema na retina, principalmente na região macular, e outras condições que causem sofrimento do tecido retiniano, essa é uma das opções mais novas e eficazes”, explica o oftalmologista do Hospital CEMA.

Os antiangiogênicos inibem a formação de novos vasos, ajudam ainda na regressão do quadro, além de melhorar o desequilíbrio gerado pela diabetes na circulação retiniana.

Além desse tratamento, é possível administrar injeções de anti-inflamatórios, fotocoagulação a laser (para casos avançados) e a vitrectomia, uma cirurgia indicada para casos nos quais o paciente apresenta hemorragia vítrea (sangue na estrutura gelatinosa que fica em contato com a retina), descolamento de retina e alguns outros casos específicos.Todos esses procedimentos são indicados de acordo com o caso e a evolução da doença.

Prevenção de retinopatia diabética

A melhor forma de prevenir a retinopatia diabética é fazer o controle dos índices glicêmicos, com acompanhamento multidisciplinar, e exames oftalmológicos de rotina, principalmente os que avaliam o fundo do olho. Nos últimos dez anos, o Brasil apresentou crescimento de 61,8% dos casos de diabetes, atingindo 8,9% da população, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Estimativas da Organização Mundial de Saúde apontam que cerca de 422 milhões de pessoas no mundo vivam com a doença, sendo que metade delas nem sabe que tem o problema. A Federação Internacional de Diabetes estima que, em 2040, a cada 10 adultos, 1 será diabético.