3 riscos ocultos do pré-diabetes revelados por médico de Harvard

Os perigos ocultos do pré-diabetes e como prevenir complicações graves com mudanças no estilo de vida

Por Caroline Vale em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
23/10/2024 15:33 / Atualizado em 27/10/2024 14:30

Pré-diabetes: o que você precisa saber
Pré-diabetes: o que você precisa saber - iStock/Aguus

O pré-diabetes é uma condição séria que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A condição ocorre quando os níveis de glicose (açúcar) no sangue estão mais elevados que o normal, mas ainda não altos o suficiente para serem classificados como diabetes tipo 2.

Isso acontece porque as células do corpo se tornam menos responsivas à insulina—a substância que permite que a glicose entre nas células para ser usada como energia. Com isso, a glicose se acumula no sangue, levando à resistência à insulina.

Perigos ocultos do pré-diabetes

Segundo o Dr. Howard LeWine, professor de medicina na Harvard Medical School, o pré-diabetes não deve ser ignorado.

Pois mesmo sem a progressão para diabetes tipo 2, a condição aumenta significativamente o risco de problemas de saúde graves, incluindo doenças cardiovasculares, doença renal crônica e doença hepática gordurosa.

“Mas, se deixado sozinho, o pré-diabetes pode ser perigoso por si só, pois aumenta o risco de outros problemas sérios, como doença cardiovascular, doença renal crônica e doença hepática gordurosa, mesmo que você nunca tenha diabetes completo”, afirmou. Saiba mais sobre os riscos a seguir:

  • Doença cardiovascular

Pessoas com pré-diabetes têm 15% mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares em comparação com aquelas que não têm essa condição. Isso ocorre porque níveis elevados de glicose no sangue contribuem para o acúmulo de placas de gordura nas artérias.

Além disso, os indivíduos com pré-diabetes devem prestar atenção redobrada à pressão arterial, colesterol LDL (considerado o “colesterol ruim”) e ao hábito de fumar, fatores que agravam ainda mais o risco.

O Dr. LeWine recomenda que pessoas com pré-diabetes mantenham a pressão arterial abaixo de 140/90 mmHg, sendo ideal aproximar-se de 120/80 mmHg, e os níveis de LDL abaixo de 100 mg/dL, visando 70 mg/dL se possível.

Adotar mudanças no estilo de vida, como parar de fumar, ter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas, é essencial. Em alguns casos, medicamentos podem ser necessários, mas a prioridade é focar em hábitos saudáveis.

  • Doença renal

O pré-diabetes pode prejudicar os rins ao forçá-los a filtrar o excesso de açúcar e resíduos do sangue, o que leva a um maior risco de desenvolver doença renal crônica.

Estudos indicam que pessoas com pré-diabetes têm até o dobro de chances de desenvolver problemas renais em comparação com quem possui níveis normais de glicose no sangue.

  • Doença hepática gordurosa

Como se não bastasse, o excesso de glicose no sangue faz com que o corpo a converta em gordura, que é armazenada no fígado.

Isso, combinado à resistência à insulina, prejudica a capacidade do fígado de quebrar gorduras, resultando em acúmulo de gordura no órgão.

Essa condição é conhecida como doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica.

Como diagnosticar o pré-diabetes?

O pré-diabetes geralmente é assintomático, o que significa que muitas pessoas não sabem que têm a condição. Por isso, é importante fazer exames regulares, especialmente se você está acima do peso.

Um exame comum é o de hemoglobina A1c, que indica a média dos níveis de açúcar no sangue nos últimos três meses. Um valor entre 5,7% e 6,4% indica pré-diabetes.

Como evitar a progressão para diabetes?

Mudanças no estilo de vida são fundamentais para evitar que o pré-diabetes evolua para diabetes tipo 2 e para reduzir os riscos de complicações associadas. Veja algumas recomendações:

  • Perda de peso: perder de 5% a 10% do peso corporal atual pode melhorar os níveis de açúcar no sangue, a pressão arterial e o colesterol.
  • Exercício físico: praticar ao menos 150 minutos de exercícios aeróbicos por semana, junto com exercícios de resistência, ajuda a melhorar o controle da glicose, a saúde cardiovascular e a função do fígado.
  • Dieta balanceada: reduzir carboidratos simples (como pão branco, arroz, batatas e alimentos processados) e aumentar a ingestão de grãos integrais, legumes e alimentos ricos em fibras pode ajudar a estabilizar os níveis de açúcar no sangue e manter o peso sob controle.

 

*Com base no artigo publicado no Harvard Health Publishing.