Saiba se você precisa tomar vacina contra sarampo

Confira as principais dúvidas sobre a vacinação, transmissão do vírus e sinais da doença

23/07/2019 18:52 / Atualizado em 11/09/2019 12:12

É provável que você, em algum momento, tenha ficado em dúvida se precisa ou não tomar vacina contra o sarampo, já que, no Brasil, há regiões com surtos da doença. Nos últimos 90 dias, entre 12 de maio a 03 de agosto,foram confirmados 1.226 casos, em quatro estados: São Paulo (1.220), Rio de Janeiro (4), Bahia (1) e Paraná (1).

A doença é altamente contagiosa. Pode ser transmitida pela respiração, tosse ou espirro. Uma pessoa com sarampo pode passar o vírus para, em média, até 18 pessoas, de acordo com o infectologista Munir Ayub, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

“É muito mais transmissível que a gripe, por exemplo. Para se ter uma ideia, pessoas que convivem com quem tem gripe tem em torno de 60% de chance de ficar gripada, já quando falamos de sarampo, essa chance aumenta para 90%”, afirma o médico.

Para prevenir o aparecimento de novos casos, o Ministério da Saúde está recomendando a vacinação de reforço para crianças de seis meses a menores de um ano, que moram ou vão viajar para locais onde há surto de sarampo. Essa vacinação deve ser feita pelo menos 15 dias antes da data prevista para a viagem.

É importante ressaltar que essa é uma dose extra da vacina, portanto, não deve interferir na rotina prevista no Calendário Nacional de Vacinação. Todas as crianças do país devem continuar seguindo a orientação de tomar a tríplice viral (D1) aos 12 meses de idade (1ª dose); e aos 15 meses (2ªdose), tomar a vacina tetra viral ou a tríplice viral + varicela.

Campanha de vacinação em São Paulo

Em São Paulo, para evitar que o vírus se espalhe ainda mais, a Secretaria de Estado da Saúde intensificou a campanha de vacinação que foca pessoas com idades entre 15 e 29 anos, de forma indiscriminada. A meta é imunizar 900 mil jovens.

Brasil tem mais de 1.200 casos de sarampo, de acordo com o Ministério da Saúde
Brasil tem mais de 1.200 casos de sarampo, de acordo com o Ministério da Saúde - Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

De acordo com Helena Sato, diretora de imunização da Secretaria de Estado da Saúde, essa é uma estratégia de vacinação para que se possa reduzir o número de casos que vem ocorrendo na Grande São Paulo.

Abaixo, Helena Sato esclarece as principais dúvidas sobre quem deve se vacinar contra o sarampo no estado:

Todas as pessoas do público-alvo (15 a 29 anos) devem se vacinar?

Sim, a campanha é voltada para todas as pessoas de 15 a 29 anos, que residem no município de São Paulo e na região do ABC e próximo à região de Osasco, que é onde está tendo a circulação do vírus. A recomendação é para todos dessa faixa etária, independentemente da quantidade de doses anteriores.

E quem tem mais de 30 anos?

É fundamental que as pessoas de 30 a 59 anos de idade tenham pelo menos uma dose da vacina de sarampo na carteira. E, de modo geral, quem tem 60 anos ou mais não precisa porque, de acordo com a nossa avaliação, já tiveram a doença no passado.

São Paulo concentra os casos de sarampo
São Paulo concentra os casos de sarampo - Wilson Dias/ Agência Brasil

Qual a recomendação para quem não tem a carteirinha de vacinação e não sabe se já tomou a vacina?

Se a pessoa perdeu a carteira de vacinação e não sabe se já tomou, a gente recomenda que procure um posto para atualização do esquema de vacinação. A vacina é gratuita.

Há algum problema em se vacinar novamente?

Não, não há problema em tomar a vacina novamente, ela é extremamente segura e, mesmo que a pessoa tome novamente, não aumenta o risco de ter efeito adverso. Em pessoas que já foram protegidas, a vacina não vai nem conseguir estimular adequadamente a resposta imunológica.

Há alguma contraindicação?

Há contraindicação para pessoas em tratamento de quimioterapia e radioterapia e mulheres grávidas.

Por quanto tempo a vacina é válida?

Vale para o resto da vida. Ela ativa adequadamente as nossa células de memória, que fazem parte do sistema imunológico.

De que maneira o vírus do sarampo é transmitido?

A transmissão acontece através das vias respiratórias. Tem pessoas que dizem que não vão pegar sarampo porque não chegarão perto de outras com manchas vermelhas no corpo, mas isso é uma falsa ideia e é importante esclarecer. Uma pessoa infectada com o sarampo começa a transmitir o vírus cerca de cinco dias antes de aparecer as manchas vermelhas. Então, a melhor forma de prevenção dessa doença é tomar a vacina.

Quais as complicações e gravidade do sarampo?

O sarampo não é uma simples virose, as complicações são graves e podem levar à morte. Sabemos que cerca de 10% das pessoas infectadas, principalmente as crianças, poderão desenvolver complicações, como otite e pneumonia, que pode ser uma infecção secundária ou uma pneumonia bacteriana ou pode evoluir para uma pneumonia pelo próprio vírus do sarampo, que é extremamente grave. Também pode haver complicações neurológicas, como encefalite.

Quais são os primeiros sinais de sarampo e quando é preciso procurar atendimento médico?

As manifestações clínicas iniciais do sarampo incluem febre, tosse e /ou coriza nasal e/ou conjuntivite, mas depois a pessoa começa a apresentar manchas avermelhadas pelo corpo. Então, pessoas com esse conjunto de sinais precisam procurar um médico para uma adequada avaliação.

Manchas vermelhas no corpo são um sinal típico do sarampo, mas nem sempre elas aparecem claramente
Manchas vermelhas no corpo são um sinal típico do sarampo, mas nem sempre elas aparecem claramente - reprodução/Ministério da Saúde

Conversamos também com o infectologista Munir Ayub, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, que esclareceu outras dúvidas sobre sarampo.

Quando a pessoa toma a primeira dose da vacina, precisa esperar um mês para tomar a segunda dose. Nesse período de espera, ela pode ser considerada imunizada?

Com uma dose só, a pessoa não está com o máximo de proteção. Para chegar a 95%, 97% de proteção, precisa da segunda dose.

Em quanto tempo a vacina começa a agir no organismo?

Depois de 10 a 12 dias, a pessoa vacinada já tem a proteção.

Quem já teve sarampo e teve contato com alguém infectado tem possibilidade de ser transportador do vírus?

Não, quem já teve sarampo não transporta o vírus mesmo que tenha tido contato com alguém com a doença.

Qual o período de transmissão do vírus?

Uma pessoa com sarampo começa a transmitir o vírus quatro dias antes do aparecimento das manchas no corpo e isso se estende até quatro dias depois. São cerca de 8 dias de transmissão.

O vírus é transmitido mesmo no período de incubação?

Não, só quando começam a aparecer os sintomas. Primeiro vem a febre e a coriza e dois dias depois aparecem as manchas.

O que se deve fazer se uma pessoa da sua casa estiver com sarampo?

Mesmo que já tenham sido vacinadas com duas dose antes, precisam tomar uma dose extra. Isso é necessário porque a gente sabe que a vacina não dá 100% de proteção. É o que chamamos de vacinação de bloqueio, que tenta evitar a transmissão do vírus para mais pessoas.

Mulheres que estão amamentando podem se vacinar?

Sim. Apenas mulheres grávidas e pessoas imunossuprimidas (portadoras de HIV, pacientes em tratamento contra o câncer) não podem tomar a vacina.

Mesmo que a pessoa não seja alvo da campanha, ela pode tomar vacina nos postos gratuitamente?

Os postos só estão vacinando as pessoas dentro da faixa etária alvo da campanha. A não ser que seja vacinação de bloqueio. Nesses casos, os agentes vão em determinados locais e vacinam todo mundo, independente da idade.

Por que os jovens de 15 a 29 anos são o foco das campanhas atuais?

Os casos de infecção estão acontecendo mais entre as pessoas dessa faixa etária, de 15 a 30 anos, porque elas só tomaram uma dose de vacina no passado. Antigamente, achavam que uma dose era suficiente para proteger para a vida toda, e de uns anos pra cá, viram que era necessária uma segunda dose. Então, pessoas que nasceram depois já tomaram a segunda dose na infância.

Ao ter contato com alguém diagnosticado com sarampo no trabalho, por exemplo, o que se deve fazer?

Uma pessoa infectada, quando tosse ou espirra, solta gotículas que vão contaminar os objetos, como caneta, por exemplo. Então, a recomendação para quem esteve nesse ambiente é se vacinar e também lavar as mãos várias vezes ao dia, principalmente se o local de trabalho é fechado com concentração de muitas pessoas ao mesmo tempo. Mas vale dizer que – uma vez que a pessoa não esteja mais no local – o vírus morre rapidamente, cerca de duas horas depois.